15/01/2019 - 2º Domingo do Tempo Comum, Ano C – 2019Estamos vivendo em nossa liturgia o que chamamos de Tempo Comum: tempo ordinário celebrado durante o ano, que nos leva a caminhar com Jesus em sua vida pública. Ele é apresentado como o Filho de Deus, Senhor e Salvador. No Tempo Comum temos 33-34 semanas, em dois ciclos: o primeiro é interrompido pela Quaresma; após a festa de Pentecostes, iniciamos o segundo ciclo. As leituras são distribuídas por três anos. Cada ano, seguimos um Evangelho. Um aspecto que este tempo salienta é a congregação do povo de Deus. A assembleia se reúne no dia do Senhor para realizar as ações sagradas do culto cristão. Reúne-se para ouvir a Palavra e participar do sacrifício do Senhor. Na cena do Batismo – 1º domingo -, temos a revelação de Jesus como o Messias, o Filho amado do Pai (Lc, 3,22). A partir do batismo, Jesus assume a missão do Servo de Deus. Ele é o enviado para anunciar e revelar com sua vida o Reino. 2019 é dedicado a Lucas. Mas o 2º domingo do Tempo Comum do Ano C nos oferece a passagem das bodas de Caná (Jo 2,1-11). É o primeiro sinal no Evangelho de João. O objetivo é aproveitar de um sinal que revela o poder, a glória e a pessoa de Jesus. Tudo acontece em um casamento. Para o povo semita, o casamento é sinônimo de aliança. Aproveitando-se de uma carência – a falta de vinho, que impedia a festa e a sua alegria, João chama atenção para a incapacidade da antiga aliança em gerar a vida. Ela não tem mais razão de existir. Após o pedido de sua mãe, Jesus intervém, transformando a água em vinho. O sinal indica uma realidade maior: Jesus inaugura a nova aliança. Ele traz o vinho novo, em abundância. Sua vida, sua proposta, seu amor, a novidade Jesus é o vinho novo. Ele traz o amor definitivo. Na festa, o Senhor é apresentado como o verdadeiro esposo que traz o amor pleno, a vida na graça. Jesus salvou a alegria dos esposos e permitiu que a celebração continuasse. A nossa vida espiritual sem Jesus é como uma festa de casamento sem vinho: vai caindo na mediocridade, no cansaço, na frieza e no marasmo. Mas nas coisas de Deus não podemos nos acomodar: é preciso cuidado e esforço constantes. O remédio é convidar Jesus para as bodas de entusiasmo e a alegria. Jesus presente, com certeza também é presença do seu amor. A mãe de Jesus é o símbolo daqueles que são fiéis a Deus. É o símbolo da comunidade que é fiel. Faz tudo o que Jesus diz. Acredita nele.O verdadeiro cristão é fiel a Jesus. Entrega-se a Ele, por isso celebra a festa, vive o tempo da graça, entra na vida nova. Quem anda com Jesus é pessoa nova. Como viver a novidade do Evangelho na comunidade? Paulo diz que o discípulo de Cristo é uma criatura nova e deve viver para o Senhor. Recebeu do Espírito a graça, e na liberdade responde a Jesus. Foi justificado, agora vive os deveres de cristão. As recomendações da Palavra desse domingo vêm da 1ª Carta aos Coríntios 12,4-11. Paulo escreve à comunidade de Corinto para ajuda-la a ter um discernimento a respeito dos carismas. Os cristãos dessa comunidade davam um valor exclusivo aos dons extraordinários. Achavam que o Espírito só se manifestava nesses dons. O apóstolo instrui os fiéis a não se fecharem nessa experiência. O Espírito é maior que os dons extraordinários. Ele distribui os carismas para o bem de todos, sem discriminar ou privilegiar pessoas. Eles devem ser colocados a serviço. Ninguém é dono de um carisma.A diversidade de carismas não pode gerar desunião, mas favorecer a comunhão e o bem da comunidade. A Igreja reconhece e incentiva os carismas. Eles são necessários para a evangelização. Mas não concedem títulos e honras. Devem ser acolhidos com humildade, com docilidade e serem colocados a serviço para a edificação da Igreja. Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano. |