6º Domingo da Páscoa 2022

Reflexão da Liturgia Dominical

Duas semanas antes de Pentecostes, a liturgia já introduz, através do Evangelho de João (Jo 14,23-29) e dos Atos dos Apóstolos (At 15,28), o tema do Espírito Santo. Jesus está se despedindo dos discípulos e passa-lhes algumas recomendações. O amor e a fidelidade à Palavra são inseparáveis e indispensáveis para quem segue a Jesus: são atitudes que tornam o Senhor presente. Quem guarda a Palavra é morada do Pai e do Filho. Quem é fiel ao amor e a Palavra é templo de Deus.

Jesus vai ao Pai, mas consola os discípulos com a promessa do Espírito. Ele é o Defensor, o Paráclito, aquele que é chamado para estar junto, defendendo e protegendo os fiéis. Faz lembrar as palavras e as ações de Jesus. É a sua memória e atualização. Ajuda a manter, a interpretar, a discernir a presença de Deus na história. Deus está sempre presente com o dom do Espírito, transmitindo vida, força, coragem, amor, paz e serenidade.

Atos 15,1-2.22-29 narra informações ligadas ao Concílio de Jerusalém. Este fato na história da Igreja primitiva foi realizado para discutir e encaminhar orientações para as comunidades da época. Os pagãos convertidos ao cristianismo deveriam observar os preceitos e costumes do judaísmo para serem cristãos? O que é necessário para seguir Jesus e acolher a salvação? Os critérios para seguir Jesus é acreditar nele como Senhor e viver o mandamento do amor. O cristão deve amar como Jesus amou. Deve deixar-se guiar pelo Espírito. Ele ajuda a discernir o que fazer.

Deus age na história, está presente com a sua vida (Ap 21,10-14.22-23). A comunidade é a sua morada: “A glória de Deus é a sua luz e a sua lâmpada é o Cordeiro” (Ap 21,23). O Espírito é o dinamismo que impele a comunidade à missão.

Ser cristão é seguir Jesus. É ser fiel ao mandamento do amor. É ser fiel à Palavra. É deixar-se guiar pelo Espírito.

É bom tomarmos consciência que Deus nos ama primeiro pelo dom do Espírito (Col 3,12; 1 Jo 4,7.10). Ele é quem derrama o amor divino em nossos corações (Rm 5,5). Somos amados por Deus, e é no Espírito Santo que o amamos e ao próximo. O Espírito Santo é “o coração de carne dado ao homem redimido por Cristo para que seja capaz de fazer-se amar por Deus, de amar a Deus e de amar os irmãos. É de verdade para nós o “dom máximo”, dom que encerra toda possibilidade de comunhão e alegria” (Raniero Cantalamessa, O Verbo se faz carne, Editora Ave-Maria, 2012, página 589).

Quando nos deixamos guiar pelo Espírito, Deus estará presente, e o seu amor em nós e por nós, a nossa fidelidade à Palavra, a paz, o consolo e a alegria.


Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.