1º Domingo do Advento / 2022

Reflexão da Liturgia Dominical.

A Igreja celebra ao longo do Ano Litúrgico o mistério de Jesus Cristo, Filho de Deus: sua vida, paixão, morte e ressurreição. O início do Ano Litúrgico é o Tempo do Advento, que vai desde as primeiras vésperas do domingo que cai no dia 30 de novembro ou no domingo que lhe fica mais próximo, até antes das primeiras vésperas do Natal do Senhor. São quatro semanas, onde a Igreja vive à espera de Jesus Cristo.

Quais são as motivações para esta espera ansiosa? A encarnação do Verbo, o Natal de Jesus. O Catecismo da Igreja Católica apresenta alguns pontos que respondem o porquê da encarnação de Jesus de Nazaré: “O Verbo se fez carne para nos salvar, reconciliando-nos com Deus” (CIgC, 457). Jesus veio para nos salvar. Ele é o nosso socorro, a nossa reconciliação, a nossa vida. “O Verbo se fez carne para que, assim, conhecêssemos o amor de Deus” (Idem, 458). O amor de Deus é a coisa mais bela que temos e podemos oferecer. Em Deus que é amor encontramos a verdade da nossa vida, que ilumina e torna inteligível o nosso ser e o nosso caminho. O amor é a nossa vocação. “O Verbo se fez carne para ser nosso modelo de santidade” (Idem, 459). Jesus nos apresenta um caminho de santidade, que são as bem-aventuranças. “O Verbo se fez carne para nos tornar participantes da natureza divina” (Idem, 460). Entrando em comunhão com Jesus, recebemos dele a filiação divina e nos tornamos filhos adotivos de Deus.

O que a liturgia nos ensina no Tempo do Advento? A nos prepararmos bem para o Natal. Respondemos à iniciativa divina de nos enviar o salvador.  Algumas atitudes são fundamentais nesse caminho.

O primeiro domingo nos convida à vigilância: “Portanto, ficai atentos! Porque não sabeis em que dia virá o Senhor” (Mt 24,42). Seguindo a liturgia, somos chamados à conversão: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo” (Mt 3,2), pregava João Batista no deserto da Judéia. A Palavra ainda nos indica a alegria: “Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio” (Is 35,1), e a obediência: “É por ele que recebemos a graça da vocação para o apostolado, a fim de podermos trazer à obediência da fé todos os povos pagãos, para a glória de seu nome”

Vigiar é perceber a presença de Deus em nossa história e nossa vida. É procurar a vontade do Senhor. É perseverar no caminho do bem.

A vida normal de qualquer pessoa exige vigilância, disciplina e mortificação.  Podemos citar apenas alguns exemplos: levantar todos os dias, no mesmo horário, seguir o mesmo programa, realizar as mesmas atividades, cumprir uma norma exigente para se exercer uma atividade profissional. Ninguém pode oferecer o melhor de si se não se esforçar.

A vida espiritual exige também, e ainda mais, a vigilância. Contamos com a graça de Deus, mas fazemos a nossa parte. É preciso que nos deixemos guiar pela luz do Senhor (Is 2,5), pois a salvação está próxima: “despojemo-nos – portanto, da ações das trevas e vistamos as armas da luz” (Rm 13,12). O cristão se reveste do Senhor e da verdade que é o seu Evangelho.

É preciso que aproveitemos o tempo de graça de nossa liturgia e nos prepararmos bem para o Natal. O Senhor bate à porta de nosso coração e pede morada. O seu nascimento é garantia de paz, justiça, fraternidade e amor. Precisamos acolher com generosidade esta visita.

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.