5º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Reflexão da Liturgia Dominical.

Mateus 5,13-16 faz parte do Sermão da Montanha. Jesus utiliza duas imagens conhecidas na época para falar da missão da comunidade cristã: ser sal e luz. Aqueles que acolhem e vivem as bem-aventuranças recebem de Jesus esta incumbência.

Para a cultura bíblica, o sal tinha um grande valor: ele purifica, tempera, dá sabor, transforma, fertiliza, preserva, fortifica; lembra pactos, sacrifícios e compromissos. O sal é símbolo da Sabedoria e da Lei (Ex 30,35; Lv 2,13; Jó 6,6; Ez 16,4).

Quando Jesus utilizou a imagem do sal delegou aos discípulos uma missão: fertilizar o mundo com a prática da nova justiça que faz acontecer o Reino. A comunidade é portadora da mensagem de Jesus, da sua sabedoria e da sua verdade.

Também a imagem da luz é familiar na Bíblia. É a primeira coisa a ser criada por Deus (Gn 1,3). A luz é símbolo da salvação, esplendor da glória de Deus. A imagem da luz era aplicada à Lei, à Palavra (Sl 119,105) e à cidade de Jerusalém, de onde deveria sair o ensinamento de Deus. No futuro, segundo o Apocalipse de João, “a cidade não precisa de sol nem de lua que a iluminem, pois a glória de Deus a ilumina, e a sua lâmpada é o Cordeiro” (Ap 21,23).

O Senhor é nossa luz e salvação (Sl 27,1). Nele não há trevas (1 Jo 1,5). O futuro que Deus oferece é Ele mesmo, presente em nosso meio, iluminando a nossa vida (Ap 22,5). Jesus é a luz do mundo que ilumina a vida dos seres humanos (Jo 1,9; 3,19; 8,12; 12,35-36.46). Ele é luz enquanto comunica o amor, a verdade e a salvação.

Quem segue Jesus pratica a verdade, tem a vida, é filho da luz. Recebeu de Jesus essa graça e tona-se portador e anunciador da mesma (Ef 5,8). Os cristãos são portadores da luz de Jesus, da sua sabedoria, da sua verdade, da sua justiça.

“Fazei tudo sem murmurar nem comentar, para que sejais irrepreensíveis e íntegros, filhos de Deus sem defeito, no meio de uma geração perversa e corrupta, na qual brilhais como luzeiros no mundo” (Fl 2,14-15). 

Ser luz é fazer o bem, diz o profeta Isaías, é ser misericordioso com aqueles que sofrem (Is 58,7-10).

Como viver essa missão? Pela força e pela graça do Espírito Santo. É o Espírito que concedeu ao apóstolo Paulo o poder para anunciar o Evangelho da cruz (1 Cor 2,1-5). Ele nos dá a unção espiritual, a força e a presença de Deus. É aquele que nos comunica a santidade de Cristo. Ter a unção do Espírito significa deixar-se guiar pela graça de Deus, pela sua presença, sua luz e poder.

O Espírito realiza funções na vida da Igreja e na vida dos fiéis. Concede dons para o serviço - adorna a Igreja com os carismas, dons concedidos em vista do bem comum (1Cor 12,7) -; e para a santificação – ajuda os fiéis a viverem as virtudes fundamentais no caminho da santidade, como a fé, a esperança, e a caridade. O Espírito oferece graças para a missão e para a santidade pessoal.

Para vivermos plenamente a nossa missão de ser sal e luz, assumindo com fidelidade, entusiasmo e zelo apostólico os compromissos cristãos, precisamos da presença do Espírito. Ele nos conduz, “vem em auxílio da nossa fraqueza, pois nem sabemos o que convém pedir, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis” (Rm 8,26). Por isso clamamos com confiança: “Oh vinde, Espírito Criador, as nossas almas visitai e enchei os nossos corações com vossos dons celestiais”.

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.