Santíssima Trindade 2023

Reflexão da Liturgia Dominical

A Trindade Santa é o “mistério central da fé e da vida cristã. É, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina” (CIgC, 234).

Todo o cristianismo leva a marca da Trindade: fomos batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; iniciamos e encerramos as nossas celebrações e orações em nome da Trindade Santa; glorificamos a Deus Pai e ao Cordeiro, com o Espírito Santo; cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso... em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus... e no Espírito Santo, Senhor que dá a vida.

A Missa, oração das orações, tem uma fundamentação trinitária: estabelecemos um diálogo entre nós e o Pai, feito por meio de Jesus Cristo, à luz e com a força do Espírito Santo. O Cânon é uma oração dirigida ao Pai, por meio de Cristo no Espírito Santo. E encerramos a Oração Eucarística, rendendo honra e glória a Deus Pai, por Cristo, na unidade do Espírito Santo. 

Quem revelou o mistério da Trindade foi Jesus. O Deus revelado por Ele é a Trindade Santa, porque é amor. Ele “amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Em Jesus, se confirma e se plenifica a amorosidade de Deus, revelada na Antiga Lei, que é “misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel” (Ex 34,6). 

Nenhum bem podemos encontrar fora de Deus, diz o salmista (Sl 16,1). Quem o encontrou, não precisa mais procurar um sentido para viver, porque nele realiza o sentido profundo da sua vida. Por isso, procurar a Deus não é sinal de fraqueza humana, mas expressão de inteligência. Só a obediência a ele e a amizade com ele são capazes de dar sentido a nossa existência e nos ajudar a ordenar tudo para o amor.

O nosso coração foi feito para estar em sintonia com a Trindade Santa, pois não vivemos sem o amor do Pai que nos criou, que integra a nossa vida e dá sentido à nossa existência; sem a graça de Jesus Cristo que nos cura e nos redime de todo o mal e nos salva; sem a comunhão com o Espírito Santo que habita em cada um de nós, santifica e nos fortalece para a missão.

“Alegrai-vos, trabalhai no vosso aperfeiçoamento, encorajai-vos, cultivai a concórdia, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco”, nos exorta o apóstolo Paulo. E ele mesmo deseja que a “graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo” (2 Cor 13,11.13), estejam conosco, pois quando celebramos a comunhão com a Trindade somos contagiados pelo amor sem medidas do Pai, pela solidariedade do Filho e pela unção do Espírito, e nos alimentamos para a missão.

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.