Reflexão da liturgia do Domingo de Pentecostes
A festa de Pentecostes conclui o
Tempo da Páscoa. Para os israelitas, Pentecostes era uma festa da roça, ligada
às colheitas (Lv 23,10). Mais tarde tornou-se uma festa religiosa, para
recordar o dia em que Moisés recebeu a Lei das mãos do Senhor, no monte Sinai.
Para os cristãos, Pentecostes celebra a experiência narrada por Lucas nos Atos
dos Apóstolos (At 2,1-11), onde os discípulos receberam o Espírito Santo,
cinquenta dias depois da Páscoa. Este fato marcou o nascimento da Igreja e a
marcha do testemunho.
O Evangelho de João apresenta a
manifestação de Jesus aos apóstolos (Jo 20,19-23). Somos convidados a acolher:
a presença de Jesus ressuscitado, a paz, a alegria, o perdão, a Igreja, a cura
do medo, a missão e o testemunho. Mas o dom maior é o próprio Espírito. Em João
temos outro Pentecostes, no contexto da Páscoa.
Quem é o Espírito Santo?
Em uma de suas viagens missionárias,
quando estava em Éfeso, Paulo encontrou alguns discípulos e lhes perguntou:
“Vós recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a fé”? Eles responderam:
“Nem sequer ouvimos dizer que existe o Espírito Santo!” (At 19,1-2). Será que
conosco acontece a mesma coisa? Sabemos que existe o Espírito Santo. Mas muitos
não possuem uma compreensão clara da teologia do Espírito.
O Espírito é a tradução de Ruah, que
significa vento. Esta imagem serve para exprimir poder, liberdade e
transcendência. Significa também respiração. A imagem do sopro lembra a
bondade, a delicadeza e a quietude do Espírito Divino. A respiração é aquilo
que há de mais íntimo e vital no ser humano.
O Espírito Santo é uma pessoa. É a
terceira pessoa da Santíssima Trindade. Ele é Deus, procede do Pai e do Filho,
é consubstancial ao Pai e ao Filho.
O Espírito de Deus é Santo, pois a
natureza de Deus é a santidade.
Ele é criador. É o princípio da
criação das coisas. Transforma o caos em harmonia. Ele “cria e renova a face da
terra”. Gera unidade e comunhão.
É o Paráclito, o intercessor, o
consolador, o advogado. Age em nosso favor, auxilia, protege, consola e
sustenta.
O Espírito é a fonte de água viva.
Age no batismo. É também o fogo que purifica, transforma e destrói em nós o
pecado, gera a verdade.
É o amor, a unção divina, o doador
dos dons.
Como o Espírito age em nós? Ele vem
em nossa fraqueza. No Batismo e na Confirmação celebramos o dom do Espírito em
nós. Somos marcados por sua presença e por sua unção. Ele nos concede dons para
a nossa santificação - edificação pessoal e para o serviço na Igreja - missão.
Ele nos faz novas criaturas para a santidade e para o apostolado. Sua graça
maior é a caridade (1 Cor 13,8).
O Espírito age em nós, mas com a
nossa participação. Daí algumas atitudes da nossa parte: desejo, docilidade,
humildade, oração.
A ação do Espírito em nós é como o
novo dia que inicia, com a luz que substitui as trevas da noite, trazendo
esperança e paz.
Fazer a experiência do Espírito é
entregar as rédeas da própria vida ou as chaves da própria casa a Deus
A ação do Espírito em nós nos leva a
viver os frutos (Gl 5,22-23): amor, alegria, paz, paciência, amabilidade,
bondade, lealdade, mansidão, domínio de si.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.