Reflexão da Liturgia do Domingo , 30 de maio.
“O mistério da Santíssima Trindade é
o mistério central da fé e da vida cristã. É, portanto, a fonte de todos os
outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina” (CIgC, 234). A Trindade está
presente em nossas orações e liturgia: por mandato e autoridade de Jesus, fomos
batizados em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mt 28, 19);
iniciamos as nossas celebrações e orações em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo e encerramos, recebendo a bênção do Pai, do Filho e do Espírito
Santo; glorificamos a Deus Pai e ao Cordeiro (Filho), com o Espírito Santo;
cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso... em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho
Unigênito de Deus... e no Espírito Santo, Senhor que dá a vida.
A Eucaristia, coração da nossa
identidade, espiritualidade e missão apostólica, tem uma fundamentação
trinitária: o Cânon é uma oração dirigida ao Pai, por meio de Cristo no
Espírito Santo. Encerramos a Oração Eucarística, rendendo honra e glória a Deus
Pai, por Cristo, na unidade do Espírito Santo. Os demais sacramentos e todo o
cristianismo têm a marca da Trindade. É o mistério cristão por excelência.
Quem revelou a Trindade Santa foi
Jesus. Ele nos ensinou a chamar a Deus de Pai, Abbá. “Podemos invocar a Deus
como ‘Pai’, porque Ele nos foi revelado por seu Filho, feito homem, e porque
seu Espírito nos leva a conhecê-lo” (CIgC, 2780). Somos filhos do Pai querido,
no Filho Jesus Cristo, pela inspiração do Espírito Santo.
“Aprouve a Deus, em sua bondade e
sabedoria, revelar-se e dar a conhecer o mistério da sua vontade (Ef 1,9), pelo
qual os homens, por Cristo, o Verbo feito carne, têm acesso ao Pai no Espírito
Santo e se tornam participantes da natureza divina (Ef 2,18; 2 Pd 1,4)” (DV,2).
A nossa vocação é a Trindade Santa.
Nenhum bem podemos encontrar fora dela. Quem encontrou Deus, não precisa mais
procurar um sentido para viver, porque nele realiza o sentido profundo da sua
vida. Por isso, procurá-lo não é sinal de fraqueza humana, mas expressão de
inteligência. O Espírito atesta que somos filhos e herdeiros de Deus e
“coerdeiros de Cristo” (Rm 8,16.17). Só a obediência à vontade do Pai, o
permanecer em Jesus, e a unção do Espírito são capazes de dar sentido à nossa
existência e nos ajudar a ordenar tudo para o amor, nossa fundamental vocação.
O nosso coração foi feito para estar
em sintonia com a Trindade Santa, pois não vivemos sem o amor do Pai que nos
criou e integra a nossa vida; sem a graça de Jesus Cristo que nos cura e nos
redime de todo o mal e nos salva; sem a comunhão com o Espírito Santo que
habita em cada um de nós, santifica e nos fortalece para a missão. Quando
celebramos a comunhão com a Trindade somos contagiados pelo amor sem medidas do
Pai, pela solidariedade do Filho e pela unção do Espírito. É uma presença
divina que perdura para sempre (Mt 28,20). “É o Deus lá em cima no céu e cá
embaixo na terra”, e não há outro além dele. O caminho da felicidade, da
perenidade e da santidade é guardar as suas leis e seus mandamentos (Dt
4,39.40). “No Senhor nós esperamos confiantes, porque ele é nosso auxílio e
proteção!” (Sl 32(33), 20).
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo
Diocesano.