18º Domingo do Tempo Comum - Ano B

Reflexão da liturgia dominical

João 6 narra a multiplicação dos pães e o discurso eucarístico. É o quarto sinal neste Evangelho, que tem como objetivo suscitar a fé em Jesus Cristo, o pão da vida.

As cenas da multiplicação dos pães e do discurso eucarístico aconteceram próximo à Páscoa. Relacionam-se com experiências narradas no livro do Êxodo: Jesus atravessando o mar da Galileia, também chamado de Tiberíades, recorda a passagem do mar Vermelho; sua subida ao monte, lembra Moisés no Sinai; os pães e os peixes distribuídos, fazem recordar as codornizes e o maná no deserto, episódio narrado na primeira leitura. Jesus é o novo Moisés que inaugura o novo êxodo, oferece o pão da Palavra e da Eucaristia (Jo 6,1-15).

Após a partilha dos pães e dos peixes, temos o episódio de Jesus caminhando sobre as águas. A seguir, Ele explica o significado do “sinal do pão” (Jo 6,24-35). As pessoas não compreenderam o sentido da partilha dos pães. Ficaram apenas no sinal. Jesus propõe outra atitude: “Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará. Pois este é quem o Pai marcou com seu selo (Jo 6,27).

O que permaneceu no gesto dos pães? A manifestação da presença e providência de Deus, na pessoa de Jesus; a partilha, a comunhão, a amizade e a solidariedade. Este é o alimento que o Senhor oferece e que foi marcado e selado pelo Pai.

O alimento oferecido é gratuito, é dom de Deus. Ele nos alimenta com a sua Palavra e com o Pão eucarístico. Oferece-nos a salvação por meio de seu Filho, gratuitamente. Jesus é o pão que dá a vida e mata a nossa fome e a nossa sede (Jo 6,35). A nossa resposta é dizer sim, acreditar neste dom, acreditar em Jesus e acolhê-lo na fé.

Êxodo 16,2-4.12-15 narra um fato ocorrido quando o povo de Deus estava no caminho da terra prometida, no deserto do Sinai. Diante da sua murmuração, reclamando alimento, Deus respondeu com o seu poder, cuidado e ternura, providenciando codornizes e o maná, alimentos e sustento necessários para superar a precariedade do deserto. Com relação ao maná, não havia clareza que alimento era, mas o importante é que vinha da bondade de Deus. Esta providência divina despertou no povo a confiança na sua ação.

Efésios 4,17.20-24 apresenta desafios para os cristãos no mundo paganizado. Viver como pagão é apegar-se ao nada, é deixar Deus que é tudo e viver de futilidades e coisas vazias, que impedem de ver o verdadeiro sentido e o valor da vida. O paganismo corrompe a capacidade de discernimento.

Cristo é a referência para os cristãos. É a verdade que liberta e direciona o agir correto. Quem é de Cristo deve abandonar as coisas velhas, a vida anterior ao batismo e viver a vida nova, com outros critérios e valores. É uma conversão contínua, pois as tentações do mundo pagão são fortes e seduzem. Daí a necessidade de renovar-se sempre e dizer um basta às práticas pagãs e voltar-se para Cristo. Esta renovação é obra do Espírito. Ele rejuvenesce e transforma a pessoa na qualidade do ser.

Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança. O pecado ofuscou e escondeu esta dignidade. Em Cristo, a pessoa nova é recriada, segundo à imagem do Criador. Paulo lembra uma imagem do rito batismal das primeiras comunidades: a troca de roupa. A veste nova recebida no batismo significa a nova identidade cristã. O cristão é uma pessoa nova, criada à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade (Ef 4,24).

A Palavra de Deus e a Eucaristia alimentam o cristão para responder com generosidade e fidelidade a graça da vocação recebida no seu batismo. “Eu sou o pão da vida”, diz Jesus (Jo, 6,35). Ao receber deste pão, somos revestidos de Cristo, impulsionados pelo Espírito para viver como criaturas novas, filhos e filhas do Pai celeste.

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.