Reflexão da Liturgia Dominical
A festa da Assunção de Maria foi instituída pelo Papa Pio
XII, em 1950. Celebra a sua glorificação em corpo e alma, a passagem da Mãe de
Deus à glória celeste. Ela é a mulher que venceu o inimigo e a luta contra os poderes
hostis ao projeto de Deus. Glorificada no céu, pode interceder por nós.
Das próprias Escrituras tiramos os elementos da nossa
relação de louvor e acolhimento filial à Maria. A Bíblia revela que ela está
presente nos momentos que constituem o mistério cristão: Encarnação, Páscoa e
Pentecostes.
O Concílio Vaticano II apresenta Maria como “Medianeira”,
“Auxiliadora”, “Socorredora”, mas “isto entende-se de maneira que nada tire nem
acrescente à dignidade do único Mediador, que é Cristo” (LG, 62). Os exercícios
de piedade dirigidos à Maria se destacam, porque ela “é a discípula mais
perfeita do Senhor, o “primeiro membro da comunidade dos crentes em Cristo”
(DAp, 266). Mas devem salvaguardar os valores essenciais do cristianismo, pois
Maria está integrada no mistério de Cristo.
A relação estreita entre Maria e os cristãos deriva
daquela que há entre a maternidade divina e o sacerdócio de Cristo. Como a João
aos pés da cruz, a cada um de nós é confiada Maria como Mãe (Jo 19,26-27).
A devoção à Nossa Senhora tem elementos que servem como
base, que são os dogmas marianos: Maria, Mãe de Deus, a Virgindade de Maria,
Imaculada Conceição e a Assunção.
Maria, Mãe de Deus, sempre virgem, imaculada e assunta ao
céu é obra do Altíssimo. Ele a escolheu e amou-a primeiro. Ela é cheia de
graça, é portadora das bênçãos do Senhor, depositária das alegrias messiânicas
e do seu amor pleno.
Na assunção de Maria, a liturgia nos oferece uma das
orações mais belas da Bíblia, dita por Maria, que chamamos de Magnificat.
O hino possui o olhar de Maria sobre Deus (Lc 1,46-50) e
o olhar de Deus sobre nós (Lc 1,51-55).
Maria dirige-se a Deus e o chama de Senhor. É uma atitude
de reverência e adoração. Mas ao mesmo tempo, é um Deus próximo: ela o chama de
meu salvador. Nessa luz de Deus, Maria se olha como seva. Por isso, o Senhor vê
a sua humildade, a escolhe e a glorifica.
Deus olha a humanidade: dispersando os soberbos de
coração, derrubando do trono os poderosos e despedindo os ricos de mãos vazias;
elevando os humildes, enchendo de bens os famintos e socorrendo a Israel.
Derrubar os poderosos e dispersar os soberbos não é castigo, mas condição de
salvação.
Para Maria, o Reino já veio. Ela nos ensina a olhar o
mundo com os olhos de Deus: com compaixão. Ela nos chama à conversão, pois
também corremos o risco de olhar os outros com poder. Por isso, devemos descer
do trono da vaidade, do orgulho e do egoísmo; vencer a autossuficiência e
reconhecer que precisamos de Deus.
Na festa em louvor a Nossa Senhora da Glória, rezamos e pedimos a sua intercessão por todos os religiosos e religiosas. Os consagrados aprendem de Maria a acolher o amor de Deus, o valor do serviço, a importância da santidade.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.