Reflexão da Liturgia Dominical
Marcos 9,30-37 narra o 2º anúncio da
paixão de Jesus. Ele é o Filho do Homem enviado por Deus para anunciar o Reino,
para reunir e libertar o povo, o Messias que enfrenta a cruz, o servo que veio
para salvar.
Os discípulos não compreenderam as
palavras de Jesus e temiam fazer perguntas.
Em casa, Ele interrogou os mesmos
sobre a conversa do caminho. Diante do silêncio - no caminho eles discutiam
sobre quem era o maior – Jesus passou algumas instruções: “Se alguém quiser ser
o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos” (9,35). Após
essas palavras, indicou uma criança como modelo de seguimento: “Quem acolher em
meu nome uma destas crianças é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher,
está acolhendo, não a mim, mas aquele que me enviou” (9,37).
Jesus não é contra quem quer ser o
primeiro: muda a sua motivação e o modo de realizá-la. Quem quiser ser o
primeiro, deve sê-lo não para si, mas para os outros, pois o maior é aquele que
é capaz de acolher e servir. Ele deu o exemplo de serviço: “Eu, porém, estou no
meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27). “O Filho do Homem não veio para
ser servido, mas para servir e para dar sua vida em resgate por muitos” (Mc
10,45). Jesus deu o exemplo de serviço e pediu essa prática aos discípulos. “Se
eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos
outros” (Jo 13,14). O serviço é a marca na vida do cristão. Quem serve por amor
cura-se dos egoísmos.
Jesus ensinou a amar sem esperar
elogios, a servir sem buscar cargos ou prestígios. Amar e servir na liberdade,
gratuidade e humildade, sabendo que o Mestre nos serviu primeiro e que muito
devemos a Ele.
Tiago 3,16-4,3: da inveja e
rivalidade brotam muitos vícios. A competição é um veneno que contamina as
relações na comunidade. Os cristãos são chamados a ser sinal de fraternidade e
serviço. “A sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica,
modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos (3,17). Quando
vivemos a sabedoria de Deus, somos sinais para o mundo. “O fruto da justiça é
semeado na paz, para aqueles que constroem a paz” (3,18).
A comunidade se encontra para
celebrar a Eucaristia. E uma das dimensões mais profundas deste sacramento é a
do sacrifício, pois nele se celebra o memorial da Páscoa de Cristo. A Missa
torna presente o sacrifício que Cristo ofereceu uma vez por todas na cruz, o
seu Corpo e Sangue para a remissão dos pecados. O seu sacrifício na cruz e na
Eucaristia é um único sacrifício. “Isto é o meu corpo... Isto é o meu sangue”.
Oferecer o corpo é oferecer a vida: tempo, saúde, energia, afetos, dons...
Oferecer o sangue é oferecer a morte: dores, sofrimentos, oferecer tudo o que
nos mortifica.
Jesus fez de sua vida uma oblação, um
oferecimento, um serviço de amor. A Eucaristia é doação e entrega, é
sacrifício visível na qual se atualiza o sacrifício de Cristo na cruz. É também
o sacrifício da Igreja" (CIgC, 1368). Com Cristo, ela também é oferecida:
a Igreja e os seus fiéis. "Exorto-vos, portanto, irmãos, pela misericórdia
de Deus, a que ofereçais vossos corpos como hóstia viva, santa e agradável a
Deus" (Rm 12,1). A Igreja inteira está unida à oferta e à intercessão de
Cristo. Estamos no mundo para ser um sacrifício vivo, uma eucaristia junto com
Jesus.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.