A música litúrgica

Catequese sobre a Santa Missa - 33º Domingo do Tempo Comum

A Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, sobre a Sagrada Liturgia, vê o "canto sacro" como "parte necessária e integral da liturgia solene"; a sua finalidade "é  a glória de Deus e a santificação dos fiéis"; é um tesouro que deve ser "conservado e cultivado com muito cuidado" (SC, 182.185.188).

"O canto da Igreja... é sacramento, é simbolismo, isto é, o canto é um dos elementos que compõem a visibilidade, a corporeidade do simbolismo sacramental. Por meio deste sinal sensível, a Palavra cantada é veículo do encontro de Deus conosco e dos fiéis em Cristo entre si" (CNBB, Estudos 79, n. 355)

A tradição da música litúrgica tem raízes na Palavra de Deus - de modo particular nos Salmos -, tanto é que a palavra cantar e seus derivados aparecem dezenas de vezes na Bíblia. O canto nas Sagradas Escrituras é uma expressão de alegria, exultação, louvor, glorificação, mas também de súplica. É ali que tem origem a música sacra, que cedo foi inserida na liturgia cristã. Por isso, a Palavra é uma referência básica principalmente nos textos que compõem o canto litúrgico. A música ritual deve expressar o mistério pascal de Cristo. Paulo fala que o "Espírito intercede em nosso favor, com gemidos inexprimíveis" (Rm 8,26). Se Ele é amor, suscita em nós atitudes de amor, também no canto.

Nem todo conteúdo ou música pode fazer parte do culto cristão. Temos que ter como referência o próprio Senhor. Se Ele é o centro, a música litúrgica tem que estar a serviço da fé, da oração, ser humilde, que edifica e gera devoção; deve introduzir "os fiéis na glorificação de Deus, na sóbria embriaguez êxtase da fé" (Joseph Ratzinger, Teologia da Liturgia, p. 517). "Onde a liturgia é compreendida e vivida de modo correto, desenvolve-se também uma boa música sacra" (Idem, p. 518).

A Igreja, através do seu Magistério, insiste na formação litúrgica e musical dos futuros padres e agentes de pastoral, principalmente o canto gregoriano e a música sacra.