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1º Domingo da Quaresma 2022

1º Domingo da Quaresma 2022

Reflexão da Liturgia Dominical

A Quaresma é um caminho espiritual de preparação à Páscoa, quando celebramos a paixão e a ressurreição de Cristo, sua passagem deste mundo ao Pai: ele morreu pelos nossos pecados e ressuscitou pela nossa justificação. Sua Páscoa se prolonga e se atualiza na liturgia e na nossa vida, como passagem dos vícios para as virtudes e da culpa para a graça. O que nos salva é a Páscoa do Senhor, sua imolação e ressurreição. Mas ela só é eficaz em nós quando se torna nossa páscoa, quando procuramos vencer o pecado e seguir o caminho da santidade, pois pelo Batismo nos tornamos criaturas novas, somos filhos (as) e templos do Espírito Santo.

Seguimos o itinerário da Quaresma acolhendo as indicações e apelos de nossa liturgia, na prática da oração, do jejum e da esmola, abertos à conversão, à penitência e perdão. A palavra de Deus é o critério de nossas ações.

A porta de entrada da Quaresma é a Quarta-feira de cinzas, com os apelos destas palavras: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Os domingos que seguem nos inspiram a vencer as tentações, a escutar Jesus glorioso, a abrir-nos à conversão, vencendo a esterilidade, a deixar-nos acolher pelo amor misericordioso do Pai e a educar-nos no perdão. Na Semana Santa celebramos uma comunhão profunda com a paixão do Senhor e a sua ressurreição.

No início de nossa “subida a Jerusalém” com Jesus, para celebrar a Páscoa, aprendemos com Ele a vencer as tentações. Elas são estranhas e contraditórias, mas atraentes e sedutoras. O Senhor nos ensinar a rezar: “Não nos deixeis cair em tentação”.

Lucas 4,1-13 narra a experiência de Jesus no deserto: “guiado pelo Espírito”, ele “foi tentado pelo diabo durante quarenta dias”.

Diabo: “Se és Filho de Deus, manda que esta pedra se mude em pão”. Jesus: “Não só de pão vive o homem”.

Diabo: “Eu te darei todo este poder e toda a sua glória, porque tudo isso foi entregue a mim e posso dá-lo a quem eu quiser. Portanto, se te prostrares diante de mim em adoração, tudo isso será teu”. Jesus: “Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás”.

Diabo: “Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo!... Deus ordenará aos seus anjos a teu respeito, que te guardem com cuidado!... Eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra”. Jesus: “Não tentarás o Senhor teu Deus”. A força de Jesus está na Palavra de Deus, que o diabo tenta subverter, mas é derrotado. A luta continua, pois o inimigo retorna no tempo oportuno.

Também experimentamos as nossas tentações: de colocarmo-nos no lugar de Deus, de duvidar do seu amor, de ignorar a sua presença e abusar de nossa liberdade, do orgulho, o maior dos pecados. O remédio é adorar somente a Deus, fazer a sua vontade, e seguir com fidelidade a Jesus, caminho, verdade e vida. 

Somos tentados à inveja, ira, preconceitos, exploração, impaciência, indiferença, medo, banalizar e descartar as pessoas. Jesus nos indicou o remédio do amor, da solidariedade, do perdão, da paciência, respeito e tolerância.

A avareza, consumismo, gula, escravidão das coisas, corrupção, desperdício, degradação da natureza são tentações que nos assolam. Como cristãos somos chamados ao respeito pela vida, a sobriedade, a evitar o supérfluo e não se conformar com a mentalidade deste mundo consumista.

Somos tentados ao egoísmo, a impureza, preguiça, pessimismo, desânimo e vaidade exagerada. Jesus nos ensinou e nos ajuda a vencer essas tentações, deixando-nos guiar pelo Espírito Santo de Deus.

Dt 26,4-10. O pecado e as tentações nos afastam da graça de Deus e nos fazem estrangeiros, nos escravizam, nos maltratam e nos oprimem. Clamamos ao Senhor, nosso Deus, que ouve a nossa voz, a nossa opressão, miséria e angústia, e “com mão poderosa e braço estendido” nos conduz à vida e à liberdade. Ele é o nosso refúgio e proteção (Sl 90,2).

Rm 10,8-13. Confessamos “Jesus como Senhor” e, no nosso coração, cremos que Deus o ressuscitou dos mortos... Crendo no coração alcançamos a justiça e confessando a fé com a boca conseguimos a salvação. Confiamos no Altíssimo e somente a ele devemos adorar e servir, e seguimos firmes rumo à Páscoa do Senhor e nossa páscoa.


Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.