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Ascensão do Senhor 2022

Ascensão do Senhor 2022

Reflexão da Liturgia Dominical. Foto IIustrativa: Benjamin West

Quando recitamos o Creio, professamos a nossa fé na ascensão de Jesus: afirmamos que Ele “subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos”. O Catecismo da Igreja Católica diz que “a ascensão de Cristo assinala a entrada definitiva da humanidade de Jesus no domínio celeste de Deus, de onde voltará, até lá, no entanto, o esconde aos olhos dos homens” (CIgC, 665). Celebramos a exaltação do senhorio de Jesus, o coroamento da sua caminhada entre nós. Ele agora está em plena comunhão, sentado à direita do Pai, por isso, é o único mediador entre Deus e as pessoas. A glorificação do Senhor é um mistério, não se explica com a razão humana, só os olhos da fé nos leva a celebrar a glória e o senhorio de Jesus.

A festa solene da ascensão de Jesus nos leva a meditar duas dimensões essenciais da nossa fé. Contemplamos o Senhor na sua glória, nosso desejo é o céu. Nossa mente e o nosso coração se voltam para o alto, para onde está Cristo, sentado à direita de Deus. Em Jesus, a nossa natureza foi exaltada. Celebramos essa graça na fé e no desejo. Deus é o nosso desejo, só nele encontramos a verdadeira felicidade.

A vida interior é essencial na Bíblia e na experiência cristã. Mas na sociedade atual a interioridade perdeu espaço, o que vale é o exterior, a matéria, o rumor, o barulho, a distração. Mais cedo ou mais tarde, vem o vazio, pois nenhuma ação legítima se sustenta se Deus não estiver na sua origem. Antes de servir, devemos nos colocar aos pés do Senhor e, em silêncio, escutá-lo.  Na intimidade, nos reabastecemos. Depois da escuta amorosa e silenciosa, temos o que oferecer.

Mas a nossa espiritualidade não pode se voltar apenas para o alto. A vida cristã não é apenas vertical, mas se concretiza na missão. “Jesus foi levado ao céu à vista deles. Uma nuvem o encobriu, de forma que seus olhos não podiam mais vê-lo” (At 1,9). O encontro com Jesus se dá por meio dos sinais simbólicos da liturgia. Por isso, percebemos a sua presença quando estamos reunidos em torno da Palavra e da Mesa Sacramental.

Os olhos da fé nos levam a compreender que ao subir ao céu, Jesus não nos abandonou. Ele age agora através do Santo Espírito. Dois efeitos são essenciais nessa ação: o Espírito ilumina os mistérios e as verdades da fé; também infunde em nossos corações o amor de Deus que nos purifica e nos santifica.

“Eu enviarei sobre vós aquele que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,48). Agora é tempo do Espírito, tempo da ação, tempo da missão, do apostolado, do testemunho. É tempo de servir.

Somos filhos de Deus. O Batismo nos insere no corpo do Senhor, participamos da sua vida. Subimos ao céu com Jesus, mas enquanto não se realiza plenamente em nosso corpo o que o Pai prometeu, estamos em missão. “Vós sereis testemunhas de tudo isso... Em seguida voltaram para Jerusalém, com grande alegria. E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus” (Lc 24,48.52).

A festa da Ascensão do Senhor nos ensina a buscar nele a força necessária para a missão. Dessa experiência íntima brota a consciência missionária que se concretiza nas obras. A garantia do sucesso está na efusão do Espírito.

Rezemos pelo 56º Dia Mundial das Comunicações Sociais, com o Tema: “Escutai”. Precisamos reaprender a escutar, é o apelo do Papa Francisco, pois esta atitude é fundamental para uma boa informação e comunicação, e caminho na busca da verdade. Para escutar é preciso disposição interior, predisposição, um coração livre e aberto, sem preconceitos. Que Deus abençoe todos os profissionais da comunicação.

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.