Reflexão da Liturgia Dominical.
O Concílio Vaticano II tem orientações claras sobre o
culto mariano. Apresenta Maria como “Advogada, Auxiliadora, Socorredora e
Medianeira”, mas isto “se entende de tal modo que nada derrogue, nada
acrescente à dignidade e eficácia de Cristo, o único Mediador” (LG, 62). Os
exercícios de piedade dirigidos à Maria devem salvaguardar os valores
essenciais do cristianismo: nossa relação primeira é com a Santíssima Trindade.
Só a Deus devemos adorar. Maria está integrada no mistério de Cristo.
A piedade mariana tem elementos que servem como base, que
são os dogmas. A Igreja católica afirma quatro dogmas marianos: Maria, Mãe de
Deus, a virgindade de Maria, o dogma a Imaculada Conceição e a Assunção de
Nossa Senhora. O dogma é uma afirmação de fé formulada como doutrina. “Os
dogmas são luzes no caminho de nossa fé que o iluminam e tornam seguro” (CIgC,
89).
Theotókos significa geradora de Deus. É um título mariano
que ilumina os demais. Maria é mãe de Jesus, como homem e como Deus. Ela é a
mãe da pessoa de Jesus na sua totalidade. Em relação ao Pai, Maria é a filha
predileta e escolhida. Em relação ao Filho, é mãe, educadora, discípula e
companheira. Maria é cheia do Espírito. Maria é também nossa mãe, ela é mãe dos
filhos no Filho. A Igreja e cada cristão participam da maternidade de Maria.
“Maria permaneceu Virgem, concebendo seu Filho, Virgem ao
dá-lo à luz, Virgem ao carregá-lo, Virgem ao alimentá-lo de seu seio, Virgem
sempre” (CIgC, 510). Maria concebeu Jesus por ação do Espírito Santo, por pura
graça e iniciativa de Deus. Também recebeu uma graça extraordinária por
ocasião do nascimento de Jesus. E continuou virgem, consagrando-se totalmente a
Deus.
O dogma da Imaculada Conceição reconhece a santidade de
Maria: ela não conheceu o pecado, para que fosse a digna Mãe do Filho de Deus.
Nela habita a graça, por isso é toda santa. Maria recebeu do Senhor graças
especiais, nasceu e viveu mais integrada do que qualquer outra pessoa, com mais
capacidade de ser livre e acolher a proposta divina. Mas ela é humana como nós
e se esforçou para ser peregrina na fé.
A Igreja celebra a glorificação de Maria em corpo e alma.
Ela está no céu, junto de Deus, cheia de graça e luz. Como está na glória, pode
interceder por nós.
Na assunção de Maria, a liturgia nos oferece uma das
orações mais belas da Bíblia, dita por Maria, que chamamos de Magnificat. O
hino possui o olhar de Maria sobre Deus (Lc 1,46-50) e o olhar de Deus sobre
nós (Lc 1,51-55).
Maria dirige-se a Deus e o chama de Senhor. É uma atitude
de reverência e adoração. Mas ao mesmo tempo, é um Deus próximo: ela o chama de
meu salvador. Nessa luz de Deus, Maria se vê como serva. Por isso, o Senhor vê a
humildade de Maria, a escolhe e a glorifica.
Deus olha a humanidade: dispersando os soberbos de
coração, derrubando do trono os poderosos e despedindo os ricos de mãos vazias;
elevando os humildes, enchendo de bens os famintos e socorrendo a Israel.
Derrubar os poderosos e dispersar os soberbos não é castigo, mas condição de
salvação.
Para Maria, o Reino já veio. Ela nos ensina a olhar o
mundo com os olhos de Deus: com compaixão. Ela nos chama à conversão, pois
também corremos o risco de olhar os outros com poder. Por isso, devemos descer
do trono da vaidade, do orgulho e do egoísmo; vencer a autossuficiência e
reconhecer que precisamos de Deus.