Reflexão da Liturgia Dominical.
As imagens do caminho e da visita são fortes no Evangelho
de Lucas. O caminho de Jesus é feito de visitas e encontros. Ele é apresentado
como a visita de Deus ao seu povo: “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel,
porque visitou e libertou o seu povo” (Lc 1,68), reza Zacarias. Lucas 9, 51 diz
que estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu, e ele tomou a firme
decisão de partir para Jerusalém. Quase a metade do seu Evangelho narra este
caminho (Lc 9,51-19,27). É uma longa e dura viagem, desde a periferia da
Galileia, até a capital. Muito mais do que um itinerário geográfico, temos o
êxodo de Jesus, sua passagem deste mundo para o Pai. Em Jerusalém se
concretizará esta travessia e missão: a entrega de sua vida e o oferecimento da
Igreja.
No caminho para Jerusalém, passando por Jericó, Jesus se
encontrou com Zaqueu, “chefe dos cobradores de impostos e homem muito rico” (Lc
19,1-10).
Como “tirar proveito” e acolher tanta gentileza, bondade
e misericórdia?
A fé leva ao encontro de Jesus. Pode até parecer
curiosidade aparente, mas no interior de Zaqueu havia um desejo inexplicável:
“procurava ver quem era Jesus”. Para isso, superou obstáculos: a sua condição
social, profissão e estatura.
O que a iniciativa de Jesus provoca? O encantamento, a
surpresa, o silêncio, a superação do medo e das distâncias. O motivo da coragem
é a certeza do amor de Deus. A alegria: Jesus é a fonte da alegria, Ele existe
e isso basta! A conversão: o encontro com o Senhor gera mudança de vida, abandono
do erro e da injustiça, solidariedade. A acolhida da salvação: o encontro
introduz a salvação na vida daqueles que creem. Zaqueu havia apenas prometido a
partilha dos seus bens entre os pobres e a devolução do que havia defraudado, e
já ouve essas palavras: “Hoje a salvação entrou nesta casa, porque também este
homem é um filho de Abraão” (Lc 19,9).
Na Carta Encíclica Deus Caritas est, Bento XVI diz que
“ao início do ser cristão não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o
encontro com um acontecimento, como uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte,
e, desta forma, o rumo decisivo” (DCE, 1).
O Documento de Aparecida apresenta os lugares de
encontros com a Pessoa de Jesus Cristo: Igreja, Sagrada Escritura, Sagrada
Liturgia – Eucaristia como lugar privilegiado, e o sacramento da reconciliação;
oração pessoal e comunitária; pobres, aflitos e enfermos; piedade popular (DAp,
246-275).
Procuramos a Jesus porque Ele é a nossa vida e salvação.
Deus é a nossa compaixão e nos trata com bondade (Sb
11,23.26). Ele é piedade, amor e paciência (Sl 144,2). Deus é amigo da vida (Sb
11,26).
Benefícios para quem procura Jesus de coração: amor,
misericórdia, perdão, alegria, paz, salvação.
Aprendemos de Maria a acolher a visita de Deus em nossa
vida (Lc 1,26-38), e a oferecer esta experiência a quem precisa (Lc 1,39-45.
Dom Paulo
Roberto Beloto, Bispo Diocesano.