31º Domingo do Tempo Comum - Ano C

Reflexão da Liturgia Dominical.

As imagens do caminho e da visita são fortes no Evangelho de Lucas. O caminho de Jesus é feito de visitas e encontros. Ele é apresentado como a visita de Deus ao seu povo: “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e libertou o seu povo” (Lc 1,68), reza Zacarias. Lucas 9, 51 diz que estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu, e ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém. Quase a metade do seu Evangelho narra este caminho (Lc 9,51-19,27). É uma longa e dura viagem, desde a periferia da Galileia, até a capital. Muito mais do que um itinerário geográfico, temos o êxodo de Jesus, sua passagem deste mundo para o Pai. Em Jerusalém se concretizará esta travessia e missão: a entrega de sua vida e o oferecimento da Igreja.

No caminho para Jerusalém, passando por Jericó, Jesus se encontrou com Zaqueu, “chefe dos cobradores de impostos e homem muito rico” (Lc 19,1-10).

Como “tirar proveito” e acolher tanta gentileza, bondade e misericórdia?

A fé leva ao encontro de Jesus. Pode até parecer curiosidade aparente, mas no interior de Zaqueu havia um desejo inexplicável: “procurava ver quem era Jesus”. Para isso, superou obstáculos: a sua condição social, profissão e estatura.

O que a iniciativa de Jesus provoca? O encantamento, a surpresa, o silêncio, a superação do medo e das distâncias. O motivo da coragem é a certeza do amor de Deus. A alegria: Jesus é a fonte da alegria, Ele existe e isso basta! A conversão: o encontro com o Senhor gera mudança de vida, abandono do erro e da injustiça, solidariedade. A acolhida da salvação: o encontro introduz a salvação na vida daqueles que creem. Zaqueu havia apenas prometido a partilha dos seus bens entre os pobres e a devolução do que havia defraudado, e já ouve essas palavras: “Hoje a salvação entrou nesta casa, porque também este homem é um filho de Abraão” (Lc 19,9).

Na Carta Encíclica Deus Caritas est, Bento XVI diz que “ao início do ser cristão não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, como uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte, e, desta forma, o rumo decisivo” (DCE, 1). 

O Documento de Aparecida apresenta os lugares de encontros com a Pessoa de Jesus Cristo: Igreja, Sagrada Escritura, Sagrada Liturgia – Eucaristia como lugar privilegiado, e o sacramento da reconciliação; oração pessoal e comunitária; pobres, aflitos e enfermos; piedade popular (DAp, 246-275).

Procuramos a Jesus porque Ele é a nossa vida e salvação.

Deus é a nossa compaixão e nos trata com bondade (Sb 11,23.26). Ele é piedade, amor e paciência (Sl 144,2). Deus é amigo da vida (Sb 11,26).

Benefícios para quem procura Jesus de coração: amor, misericórdia, perdão, alegria, paz, salvação.

Aprendemos de Maria a acolher a visita de Deus em nossa vida (Lc 1,26-38), e a oferecer esta experiência a quem precisa (Lc 1,39-45.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.