3º Domingo do Advento/2022

Reflexão da Liturgia Dominical.

O 3ª Domingo do Advento nos convida à alegria. Toda a liturgia canta e celebra esse sentimento fundamental da alma humana. Deus é a causa e a fonte da alegria: ela é dom e fruto do Espírito (Gl 5,22). Já na antífona da entrada da Missa, é citada uma passagem do apóstolo Paulo: “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos... O Senhor está próximo” (Fl 4,4).

No contexto do tempo litúrgico, a alegria tem seu fundamento na encarnação do Verbo, que vem para nos salvar e revelar o amor de Deus. Essa é a razão do nosso contentamento.

Há muitos fatores e causas que provocam a tristeza, o mau humor, a irritação, a impaciência, a desolação, a depressão, como: a ausência de Deus, os nossos defeitos e os dos outros, o egoísmo, a mesquinhez, a ambição, as injustiças, a violência, as notícias negativas, as experiências traumáticas, os contratempos, as coisas que não funcionam, o trânsito, visitas inoportunas, as perdas, questões biológicas, doenças, a pobreza, a natureza adversa, o modo como encaramos as adversidades, a ação do inimigo.

Como recuperar e conservar a alegria diante dessas situações adversas? Com uma atitude de fé. Acreditando que Deus é maior que as limitações humanas. Sua ação em nossa vida gera a alegria.

O profeta Isaías (Is 35,1-6.10) descreve o julgamento de Deus às nações que oprimem e cometem injustiças e a sua falência, enquanto restaura e salva o seu povo fiel. Esta sua ação provoca contentamento: “Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio. Germine e exulte de alegria e louvores... Os que o Senhor salvou voltarão para casa. Eles virão a Sião cantando louvores, com infinita alegria brilhando em seus rostos: cheios de gozo e contentamento, não mais conhecerão a dor e o pranto” (Is 35,12.10).

Tiago cita o exemplo do agricultor que confia e espera a ação da natureza, gerando a planta e os frutos das sementes (Tg 5,7-10). A atitude do cristão deve ser de confiança e perseverança na vinda do Senhor. Ele é a causa de nossa alegria. Somos alegres por aquilo que ele faz em nossa vida, por sua obra de redenção.

Jesus se apresenta a João Batista por aquilo que Ele faz: “os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados” (Mt 11,4-5). As “obras de Cristo” revelam sua pessoa e sua missão. Unidos a Ele, amando o que Ele ama, acolhendo a sua missão, temos a força da ação misteriosa do ressuscitado e do seu Espírito, que nos impulsiona na esperança e na alegria.

As alegrias humanas são justas e legítimas, mas passageiras e nem sempre provocam o verdadeiro consolo. Só a presença do Senhor nos satisfaz. Quando fizermos de Deus o fundamento e o centro de nossa vida, então iremos experimentar a alegria e a fecundidade de nossas ações.

O 3º domingo do Advento continua falando da missão de João Batista. Ele é elogiado por Jesus como “alguém que é mais do que profeta” (Mt 11,9). É o precursor, aquele que anuncia o Messias e prepara o seu caminho.

Em preparação ao Natal, acolhemos o apelo de conversão de João. Quem vive a alegria em Jesus, pratica o bem. A alegria verdadeira gera a conversão. A promessa da vinda de Jesus é um convite à alegria pelo sentido e valor dessa presença e também a uma abertura do coração a prática da caridade, pois o seu nascimento é um ato gratuito do amor do Pai.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.