Natal do Senhor / 2022

Reflexão da Liturgia Dominical.

O Natal é expressão de dois movimentos que se completam: um da parte de Deus, Ele tomou a iniciativa de se aproximar de nós no nascimento de seu Filho. A Encarnação de Jesus de Nazaré revela o amor, a bondade e a misericórdia do Pai por nós. O Natal nos introduz na vida de Deus, na sua santidade, pela ação do Espírito Santo. Ao entrar em comunhão com Jesus encarnado recebemos a filiação divina e nos tornamos filhos e filhas do Pai, no seu Filho Unigênito.

Como nos comportar diante de mistério tão excelso, divino e profundamente humano, que é o Natal do Senhor? Aqui temos o segundo movimento: a nossa reação e a nossa resposta aos desígnios divinos.

As primeiras atitudes que o Natal deveria produzir em nós são de surpresa e admiração. Ficamos encantados com o Menino que vem por pura iniciativa divina para nos amar. “Vede com que amor nos amou o Pai” (1 Jo 3,1). Quanta generosidade! A Encarnação é um mistério de amor.

Natal é tempo de silêncio. É no íntimo do nosso ser que descobrimos a presença de Deus. Os justos e piedosos da Bíblia nos ajudam a celebrar esta festa no silêncio e na oração. Eles se calam por que descobriram a Deus: só Ele conta.

A superação do medo. Por que temer se Deus vem a nós para nos salvar? “Nada poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8,39). Deus vem a nós para nos redimir, este é o motivo da nossa coragem.

Natal é a festa da alegria: “Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo” (Lc 2,10). O motivo de nossa alegria é saber que Deus nasce entre nós, e isto basta.

“Glória a Deus no mais alto dos céus” (Lc 2,14). O nascimento de Jesus realiza a glória de Deus. O Natal suscita em nós uma atitude de louvor Àquele que nos oferece a vida e a misericórdia. Cantamos com júbilo porque o amor está entre nós.

A contemplação da encarnação do Verbo nos ensina a olhar o mundo com amor e compaixão. O Natal nos ensina a amar, a ter paciência com as pessoas, as coisas e as circunstâncias da vida. O Natal nos ensina a evitar a intolerância, ensina-nos a fazer a bem. Celebrar o Natal como convém é abrir-se à misericórdia divina. Jesus veio oferecer-nos o perdão dos pecados e nos ensina a fazer o mesmo. Natal é tempo de esquecer as ofensas e de perdoar.

“Paz na terra aos homens por ele amados” (Lc 2,14). O nascimento de Jesus realiza a paz. Ele é a nossa paz (Ef 2,14). A paz que recebemos de Jesus Menino quer entrar em nosso coração e se estender a todos os ambientes em que vivemos.

O Natal nos impulsiona à santidade, pois a graça de Deus se manifesta trazendo a nós a salvação: “Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas e a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade... Jesus Cristo se entregou por nós, para nos resgatar de toda maldade e purificar para si um povo que lhe pertença e que se dedique a praticar o bem” (Tt 2,12.14).

Maria e José acolheram a graça da salvação. Nós também podemos fazer esta experiência: “Toda a alma que possui a fé concebe e dá à luz a Palavra... o Cristo é fruto de todos” (Santo Ambrósio).

Acolhendo e vivendo este caminho poderemos celebrar dignamente o nascimento do Senhor. Assim poderemos também dizer de coração: Feliz Natal!

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.