Reflexão da Liturgia Dominical.
O Natal é expressão de dois movimentos que se completam: um da parte de
Deus, Ele tomou a iniciativa de se aproximar de nós no nascimento de seu Filho.
A Encarnação de Jesus de Nazaré revela o amor, a bondade e a misericórdia do
Pai por nós. O Natal nos introduz na vida de Deus, na sua santidade, pela ação
do Espírito Santo. Ao entrar em comunhão com Jesus encarnado recebemos a
filiação divina e nos tornamos filhos e filhas do Pai, no seu Filho Unigênito.
Como nos comportar diante de mistério tão excelso, divino e
profundamente humano, que é o Natal do Senhor? Aqui temos o segundo movimento:
a nossa reação e a nossa resposta aos desígnios divinos.
As primeiras atitudes que o Natal deveria produzir em nós são de
surpresa e admiração. Ficamos encantados com o Menino que vem por pura
iniciativa divina para nos amar. “Vede com que amor nos amou o Pai” (1 Jo 3,1).
Quanta generosidade! A Encarnação é um mistério de amor.
Natal é tempo de silêncio. É no íntimo do nosso ser que descobrimos a
presença de Deus. Os justos e piedosos da Bíblia nos ajudam a celebrar esta
festa no silêncio e na oração. Eles se calam por que descobriram a Deus: só Ele
conta.
A superação do medo. Por que temer se Deus vem a nós para nos salvar?
“Nada poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso
Senhor” (Rm 8,39). Deus vem a nós para nos redimir, este é o motivo da nossa
coragem.
Natal é a festa da alegria: “Eu vos anuncio uma grande alegria, que o
será para todo o povo” (Lc 2,10). O motivo de nossa alegria é saber que Deus
nasce entre nós, e isto basta.
“Glória a Deus no mais alto dos céus” (Lc 2,14). O nascimento de Jesus
realiza a glória de Deus. O Natal suscita em nós uma atitude de louvor Àquele
que nos oferece a vida e a misericórdia. Cantamos com júbilo porque o amor está
entre nós.
A contemplação da encarnação do Verbo nos ensina a olhar o mundo com
amor e compaixão. O Natal nos ensina a amar, a ter paciência com as pessoas, as
coisas e as circunstâncias da vida. O Natal nos ensina a evitar a intolerância,
ensina-nos a fazer a bem. Celebrar o Natal como convém é abrir-se à
misericórdia divina. Jesus veio oferecer-nos o perdão dos pecados e nos ensina
a fazer o mesmo. Natal é tempo de esquecer as ofensas e de perdoar.
“Paz na terra aos homens por ele amados” (Lc 2,14). O nascimento de
Jesus realiza a paz. Ele é a nossa paz (Ef 2,14). A paz que recebemos de Jesus
Menino quer entrar em nosso coração e se estender a todos os ambientes em que
vivemos.
O Natal nos impulsiona à santidade, pois a graça de Deus se manifesta trazendo
a nós a salvação: “Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas
e a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade... Jesus Cristo se
entregou por nós, para nos resgatar de toda maldade e purificar para si um povo
que lhe pertença e que se dedique a praticar o bem” (Tt 2,12.14).
Maria e José acolheram a graça da salvação. Nós também podemos fazer
esta experiência: “Toda a alma que possui a fé concebe e dá à luz a Palavra...
o Cristo é fruto de todos” (Santo Ambrósio).
Acolhendo e vivendo este caminho poderemos celebrar dignamente o
nascimento do Senhor. Assim poderemos também dizer de coração: Feliz Natal!
Dom Paulo Roberto
Beloto, Bispo Diocesano.