Reflexão da Liturgia Dominical.
Estamos vivendo em nossa Liturgia o que chamamos de Tempo
Comum, que nos leva a caminhar com Jesus em sua vida pública. São 34 semanas,
em dois ciclos: o primeiro é interrompido com a Quaresma; após Pentecostes,
iniciamos o segundo ciclo, até a festa de Cristo Rei. As leituras são
distribuídas por três anos, cada um seguindo um sinótico. Estamos no ano A,
Evangelho de Mateus.
Nos domingos do Tempo Comum canta-se o Glória e faz-se a
profissão de fé. Um aspecto que este tempo salienta é a congregação do Povo de
Deus: a assembleia se reúne no Dia do Senhor para realizar as ações sagradas do
culto cristão, para ouvir a Palavra e participar do seu sacrifício.
O Evangelho de Mateus tem como objetivo apresentar Jesus
e sua prática como critérios e luz para as comunidades. Ele é o Messias que
realiza as promessas do Antigo Testamento, o Emanuel, o Deus conosco (Mt 1,23),
o mestre que veio realizar a justiça que faz nascer o Reino.
Nos três anos comuns indicados na liturgia, temos no segundo
domingo trechos do Evangelho de João. Cada ano salienta um aspecto do
ministério de Jesus.
João 1,29-34 apresenta Jesus como o Cordeiro de Deus, que
tira o pecado do mundo. Este título lembra duas imagens do Antigo Testamento: a
do Servo Sofredor, descrita nos cânticos do profeta Isaías (Is 42,1-9; 49,1-7;
50,4-11; 52,13-53,12), que se oferece como cordeiro para carregar os pecados do
povo; e o cordeiro pascal, símbolo da redenção de Israel (Ex 12,1-28). Jesus é
o servo que oferece a sua vida pela redenção da humanidade e o cordeiro imolado
que tira o pecado do mundo.
A imagem do Cordeiro aparece em outros escritos de João,
como por exemplo, no livro do Apocalipse. Depois de escrever as cartas às
comunidades, João tem a visão de uma “porta aberta no céu”, e uma voz
convidando-o a entrar para mostrar “as coisas que devem acontecer” (Ap 4,1).
Entrando no céu, ele vê um trono e nele “alguém sentado” (4,2), com um livro na
“mão direita”, “lacrado com sete selos” (5,1). É o livro que contém o roteiro
da história. Ninguém é capaz de abrir este livro (5,3), por isso João chorava
muito (5,4). Um ancião o consola, dizendo que o “leão da tribo de Judá, o
rebento de Davi, venceu, para abrir o livro e seus sete selos” (5,5). João não
vê nenhum leão nem rebento, mas um “Cordeiro, de pé, como que imolado” (5,6). O
Cordeiro é Jesus, o único capaz de ler a nossa história e apagar os nossos
pecados.
No Evangelho, João fala de pecado no singular. Pecado
aqui é a rejeição de Deus e de Jesus como o enviado do Pai. Quem não acolhe ou
aceita Jesus e sua proposta de amor, está nas trevas.
A vida e a morte de Jesus tiram o pecado do mundo,
santificando o ser humano. Ele é o ungido por Deus, está pleno do Espírito e do
amor do Pai. Ele batiza no Espírito Santo, isto é, dá e derrama sobre nós o
Espírito sem medida (Jo 3,34; At 2,33), comunicando-nos a sua vida e o seu
amor.
Em Isaías 49,3.5-6 Deus fala ao seu servo. Ele é a sua
presença e sua vontade na história. A sua missão é devolver a liberdade e ser
luz.
No início da 1ª Carta aos Coríntios (1,1-3), Paulo se apresenta como apóstolo de Cristo, por vontade de Deus. A comunidade é chamada de Igreja de Deus. Cristo santifica a comunidade, que procura viver essa graça, sendo sua testemunha.
Dom Paulo
Roberto Beloto, Bispo Diocesano.