Reflexão da Liturgia Dominical.
Mateus 5, 20 é uma chave de leitura para se entender o
Sermão da Montanha: “Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres
da lei e dos fariseus, vós não entrareis no reino dos céus”.
A justiça dos escribas e fariseus era baseada na
observância rigorosa da Lei, que marginalizava e excluia os doentes, as
crianças, as mulheres e os pobres.
Jesus não veio abolir a Lei e os Profetas, mas dar-lhes
pleno cumprimento (Mt 5,17). A sua justiça tem como base a prática do direito,
da misericórdia e da fidelidade (Mt 23,23). Somente assim os discípulos poderão
superar a justiça dos escribas e fariseus.
O Mestre fez algumas comparações da Lei de Moisés com a
nova Lei que ele veio realizar, presentes na liturgia do 6º (Mt 5,20-37) e do
7º domingos comuns (Mt 5,38-48), expressando através delas a vontade de Deus,
que é a prática do amor.
Na Lei de Moisés está escrito: “Olho por olho dente e por
dente” (Mt 5,38). Na justiça do Reino não se deve retribuir com a mesma moeda,
a não ser na prática do amor.
Também está escrito: “Amarás o teu próximo e odiarás o
teu inimigo” (Mt 5,43). Na justiça do Reino o amor se estende aos inimigos, e o
discípulo deve buscar a perfeição e a santidade (Mt 5,48), assim viverá a sua
condição de filho do Pai celeste.
A Palavra é uma exortação à santidade e à perfeição
cristã, a exemplo do próprio Deus: “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso
Deus, sou santo” (Lv 19,2); “Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que
o Espírito de Deus mora em vós? (1Cor 3,16); “Sede perfeitos como o vosso Pai
celeste é perfeito” (Mt 5,48).
Algumas exigências no caminho da perfeição cristã: vencer
o ódio, o rancor, a vingança, a insensatez, a ambição, o egoísmo, o orgulho, a
crítica, o julgamento, a condenação; exercitar a correção fraterna, o perdão, o
respeito, a mansidão, a compreensão, a tolerância, a paciência, a compaixão, a
solidariedade, o amor. Devemos rezar pelos outros e os abençoar: na oração vejo
as pessoas com olhos de Jesus.
O relacionamento humano exige ultrapassar a nós mesmos. Se não temos o alimento espiritual necessário, curvamo-nos na comodidade. Precisamos da graça de Deus.
Dom Paulo
Roberto Beloto, Bispo Diocesano.