Artigo de Márcio Alexandre Urquiza, seminarista do 3º ano da etapa da Configuração.
Durante toda a
caminhada quaresmal cada fiel católico buscou se preparar através da oração, da
penitência e da caridade para melhor celebrar a Festa das festas, a Noite das
noites: a Solene Vigília Pascal. A liturgia da Igreja nos propõe a Semana Santa
como maneira de nos aprofundarmos ainda mais no mistério Pascal. Agora,
seguindo os passos de nosso Salvador, entraremos junto com Ele em Jerusalém,
que volta de Betânia e se encaminha livremente para a cidade santa, onde
acontecerá sua santa e venerável Paixão. Antes que fosse suspenso no altar da
Cruz ele entra na cidade de modo triunfante.
Entra triunfante em
Jerusalém, mas não rodeado de pompa, como se fosse conquistar a glória. Pelo
contrário, entra manso e humilde, se apresentando com vestes pobres e modesta
aparência. Já profetizava Zacarias: “Rejubila, cidade de Jerusalém. Eis que vem
teu rei ao teu encontro, ele é justo, ele salva; é humilde e vem montado num
jumento, um potro, cria de uma jumenta.”. Jerusalém é a cidade onde o Messias
deveria manifestar o Reino de Deus. A característica desse rei é sua humildade,
pois não entra na cidade montado num cavalo de guerra, mas num simples
jumentinho. Parte do povo ao redor reconhece na pessoa de Jesus o Messias
esperado e assim estendem seus mantos no chão para acolher o novo rei.
Despojando-se de tudo
o que lhe pertence, Cristo suporta muitos ultrajes para salvar o seu povo.
Entretanto, aceita-os com paciência e mansidão, sabendo que Deus o salvará. Ele
cumpre sua missão oferecendo-se a si mesmo como vítima inocente, para expiar os
pecados do povo. Cristo despojou-se, por assim dizer, condensando a glória de
sua divindade dentro da nossa pequenez. Aquilo que ele era permaneceu perfeito
e incompreensível, mas aquilo que ele assumiu estava em proporção com a medida
de nossa natureza humana, vai dizer São Gregório de Nissa. O Filho de Deus se
aniquila a si mesmo, como o verdadeiro Servo sofredor, vivendo a experiência
humana até a morte. Cristo é o Messias que tem como trono a cruz e como coroa
os espinhos.
Santo André de Creta
refletindo sobre essa passagem nos propõe que: “Acompanhemos o Senhor, que
corre apressadamente para a sua Paixão e imitemos aos que foram ao seu
encontro. Não para estendermos à sua frente, no caminho, ramos de oliveira ou
de palma, tapetes ou mantos, mas para nos prostrarmos aos seus pés, com
humildade e retidão de espírito, a fim de recebermos o Verbo de Deus que se
aproxima, e acolhermos aquele Deus que lugar algum pode conter.”. Ele faz tal
afirmação porque reconhece que com o tempo os mantos se rasgarão e que os ramos
alegrarão o olhar por pouco tempo, pois logo perderão a vida.
Agitando nossos ramos
espirituais aclamemos todos os dias: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o
que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto do céus! Nesta festa do
Domingo de Ramos faremos solene memória deste acontecimento, entraremos em
procissão empunhando nossos ramos e proclamaremos com nossos cânticos que Jesus
é o Messias prometido.
Para encerrar essa reflexão julgo propício utilizar a oração de coleta do Domingo de Ramos da Paixão do Senhor, que também encerra as orações das Horas Canônicas na Liturgia das Horas, que reza o seguinte: “Deus eterno e todo poderoso, para dar aos seres humanos um exemplo de humildade, quisestes que o nosso salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento da sua Paixão e ressuscitar com ele em sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.”