Neste artigo, o seminarista Lucas Silva Procópio escreve sobre o sentido da Semana Santa.
Estamos
prestes a vivenciar a Semana Santa, conhecida também, na tradição cristã, como
a Grande Semana, quando teremos a oportunidade de contemplar e vivenciar o
Mistério da Paixão-Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Podemos, e
até mesmo devemos, nos perguntar: qual o sentido da Semana Santa? A sentença
dita acima certamente já responde a essa pergunta. Todavia, é oportuno fazer
uma breve meditação sobre o sentido desse momento tão especial.
Para
isso, podemos listar algumas razões: a primeira delas é que os mistérios
principais da nossa fé devem estar sempre presentes na mente do cristão (1Pd 3,
15), sempre claros e brilhantes como luzes a guiar nossos caminhos em todos os
momentos de nossa vida.
Em
segundo lugar: nem sempre os mistérios da nossa Salvação estão presentes em
nosso coração. O fato de nós celebrarmos anualmente a festa da Páscoa de Nosso
Senhor Jesus Cristo pode vir a causar em nós certo “enfado”, ou seja, um certo
tédio, de forma que participamos das celebrações apenas para “cumprir preceito”.
A
terceira razão é que o pecado, que pode se manifestar como materialismo, o
indiferentismo, relativismo e tantos outros “ismos”, ao nos afastar da graça de
Deus e do caminho do Evangelho, nos torna insensíveis para com as coisas de
Deus.
Há
ainda uma quarta razão: o contexto em que estamos: 1º) ainda estamos saindo do
período da pandemia do COVID-19, que nos deixou profundas sequelas no âmbito
social, político e também religioso. Todos ainda temos presente na memória as
celebrações transmitidas pelas mídias virtuais, o desejo de participar das
celebrações, o anseio por receber os sacramentos, especialmente a Eucaristia.
2º) circunstâncias como as disputas políticas, a guerra, a crise econômica, as
dificuldades enfrentadas pela Igreja, as perseguições. Diante de um cenário que
pode nos parecer desolador, a nossa fé é provada, a nossa esperança é chamada a
mostrar sua força e a nossa caridade deve brilhar como luzeiro em meio à
escuridão. Trazendo tudo isso, o que queremos dizer é que o contexto em que
vivemos pode nos fazer também desanimar. E o nosso desânimo reflete-se
diretamente na participação dos fiéis na Igreja, com suas festividades, sendo a
Semana Santa a principal delas, acaba por sofrer se não participam dela os
fiéis.
Essas
razões que elencamos, e quantas outras pudermos colocar, servem para nos fazer
pensar se realmente entendemos o sentido da Semana Santa, ou ainda um
questionamento mais incisivo: a Semana Santa faz sentido para nós?
Retomando
a sentença inicial, afirmamos, com a Igreja, que o sentido da Semana Santa é
celebrar o Mistério da Paixão-Morte e Ressureição de Nosso Senhor, que é o auge
do desdobramento do mistério de Cristo. Devemos ter em conta que está “aí a
revelação do amor de Deus ao extremo e sua força redentora (...) com uma
intensidade sublime e intransponível”. A Semana Santa é, então, o momento mais
sublime de contemplarmos e experimentarmos o amor de Deus que nos dá vida nova.
REFERÊNCIAS
BÍBLIA SAGRADA. Bíblia de Jerusalém. Nova edição, revista e ampliada. 4ªimp. São Paulo: Paulus, 2002.
COMISSÃO TEOLÓGICA INTERNACIONAL. A
reciprocidade entre a Fé e os Sacramentos na Economia Sacramental.
Disponível em: https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/cti_documents/rc_cti_20200303_reciprocita-fede-sacramenti_po.html#_ednref2.
Acesso em 24 mar 2023.