Esta noite pascal é o grande sacramento de nossa vida.
Depois de acompanhar os passos de Jesus na sua paixão, viver o silêncio
do sábado santo, a Igreja nos convida a celebrar a maior e a mais nobre de
todas as solenidades do ano litúrgico, que é a Vigília Pascal. Esta cerimônia é
um grande hino de louvor às maravilhas que o Senhor realizou e realiza na vida
e na história do seu povo, principalmente a ressurreição do seu Filho. O que
celebramos nesta noite é obra da misericórdia eterna de Deus Pai, mediante a
ação do Espírito Santo, que vivificou o corpo de Jesus. Cantamos, pois o Senhor
está vivo: “Ressuscitou, como havia dito!” (Mt 28,6). A sua ressurreição é a
força da Igreja, é o fundamento da fé cristã. Nada se faz sem a esperança da
ressurreição. Ela conduz a fé e a caridade.
Esta noite pascal é o grande sacramento de nossa vida. A Igreja nos
ensina que o Batismo e a Eucaristia são o centro desta liturgia. Os momentos
celebrados são riquíssimos e traduzem a nossa vida cristã. Temos a liturgia da
luz, símbolo da vida, da salvação e esplendor da glória de Deus; as leituras de
passagens significativas das Sagradas Escrituras, intercaladas com salmos,
orações, hino de louvor, culminando na proclamação do Evangelho, que descrevem
a maravilhosa história de amor de Deus, que é fiel à aliança prometida, que
culmina em Jesus Cristo.
Com o canto da ladainha, bênção da água batismal ou para aspersão,
renovação das promessas do Batismo e aspersão com a água benta, celebramos a
liturgia batismal. Um destaque a este momento.
Neste ano, durante o período quaresmal, acompanhamos Jesus no seu retiro
no deserto e aprendemos com ele a vencer as tentações do diabo; contemplamos
uma das experiências mais importantes no seu ministério, que foi a
transfiguração. A partir do 3º Domingo, tivemos uma catequese batismal,
iluminados pelas leituras bíblicas, principalmente o Evangelho de João. No
encontro de Jesus com a samaritana, no poço de Jacó (Jo 4,5-42), recordamos que
o batismo é um mergulho na vida de Deus, um novo nascimento, o “sepultamento”
“na morte de Cristo”, da qual com ele ressuscitamos como “novas criaturas”; é
um “banho de regeneração e da renovação no Espírito Santo” (CIgC, 1214-1215).
Só temos a vida se permanecermos mergulhados em nosso batismo, na graça e na
fidelidade à Trindade Santa. Na cura do cego de nascença (Jo 9,1-41), Jesus se
revela como a nossa luz: no batismo fomos libertados das trevas e iluminados
pelo amor, pela verdade e pela salvação que vem de Deus, na pessoa de Jesus
Cristo. Meditamos no 5º Domingo da Quaresma a ressurreição de Lázaro (Jo
11,1-45), último sinal de Jesus, antes de sua morte. Ele é a ressurreição e a
vida. No batismo, Jesus nos chamou da morte à vida, das trevas à luz. Quem nele
crer, mesmo que morra, viverá.
Terminados os exercícios da Quaresma, depois desta catequese, nesta
noite santa a Igreja nos convida a renovar as promessas batismais. É uma graça
para nós, o nosso mergulho na vida divina, que celebramos no batismo,
fundamento de toda a vida cristã, a porta que dá acesso aos demais sacramentos.
Somos membros de Cristo, incorporados na Igreja, participantes da missão do
Senhor.
“Eu te batizo em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”: é bom
cada um deixar-se banhar pela gratuidade de Deus, por seu amor sem explicações,
pela alegria do Pai, pelo ânimo e solidariedade do Filho e pela unção do
Espírito.
A nossa Vigília pascal termina com a Eucaristia, onde renovamos o
mistério da imolação e glorificação de Cristo. Batizados em Cristo e ungidos
por seu Espírito, entramos em comunhão total com ele, fazendo sua a nossa vida,
participando do seu ministério.
Jesus é o Senhor e Salvador: para viver a nossa missão de cristãos e a moral pascal, precisamos da sua luz, da força de sua Palavra, da Eucaristia e da unção do Espírito. Ele que deu a vida ao corpo ressuscitado do Senhor Jesus, dá a vida à Igreja e aos seus fiéis. Ele nos faz experimentar a força da ressurreição e ter entusiasmo pela vida. Quem está em Cristo é uma nova criatura.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.
A Solene Vigília Pascal na noite de sábado na Sé Catedral, às 19h30 foi presidida por Dom Paulo Roberto, concelebrada por Padre Rogério, Diácono João Cesar , tendo como cerimoniário Padre André, vigário paroquial.