Reflexão da Liturgia Dominical . Confira também as imagens da celebração presidida por Dom Paulo neste domingo (9).
Com o Domingo da ressurreição do Senhor iniciamos o tempo pascal. A
Igreja nos convida a celebrar os cinquenta dias deste tempo, como se fossem um
só dia de festa. “Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos!”
(Sl 118,24). Vivemos com alegria e exultação a presença do Senhor ressuscitado.
Ser cristão é viver à luz da Páscoa, é caminhar com a força do Espírito.
Ele deu a vida ao corpo de Cristo e dá a vida à Igreja e aos fiéis. “Quem está
em Cristo, é criatura nova” (2 Cor 5,17), vive a vida nova (Rm 6,4), dada no
batismo, na confirmação e na eucaristia, deve se esforçar para “alcançar as
coisas do alto” (Cl 3,1), onde ele está, nos ensina o apóstolo Paulo.
A fé na ressurreição de Jesus Cristo é o fundamento do cristianismo.
Este acontecimento ilumina a sua vida, sua missão, sua morte na cruz, o que
diziam as Escrituras, e ilumina a missão da Igreja e a vida dos fiéis.
Alguns dizem que a ressurreição de Jesus Cristo é um mito, uma invenção
dos apóstolos e da Igreja. Não se pode prová-la cientificamente, mas nem
negá-la. Acolhemos o que vem da tradição: a descoberta do sepulcro vazio, a
ideia do terceiro dia e principalmente as aparições e os encontros com o Senhor
ressuscitado, que desde os primórdios da Igreja consolidaram a sua profissão de
fé no Senhor ressuscitado: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as
Escrituras, foi sepultado e, ao terceiro dia, foi ressuscitado, segundo as
Escrituras; e apareceu a Cefas e, depois, aos Doze” (1 Cor 15,3-5). Os fatos
são narrados nos evangelhos e nos escritos dos apóstolos inúmeras vezes. É
impossível que tanta gente tenha se equivocado ou inventado essa realidade.
As aparições são acontecimentos exteriores, mas tão impressionantes que
ficaram gravados nas almas dos discípulos e mudaram completamente as suas
vidas. Eles precisaram fazer essa experiência, pois haviam perdido a esperança.
Após à morte de Jesus, ficou um vazio. Os encontros com o Senhor ressuscitado
foram curando as feridas, as dúvidas, as decepções e o medo. Com o tempo, a sua
presença foi criando raízes nos corações, e já não havia mais necessidade de
uma presença visível de Jesus. Bastava a fé. Jesus ressuscitado é o mesmo que
viveu e caminhou com os discípulos, mas agora ele “vive de modo novo na
dimensão do Deus vivo; aparece como verdadeiro Homem mas a partir de Deus; e
Ele mesmo é Deus” (Joseph Ratzinger, Bento XVI, Jesus de Nazaré, Principia,
página 218).
Da nossa parte acolhemos o que recebemos da tradição dos nossos pais e
mães da fé. “Se ouvirmos as testemunhas com coração atento e nos abrirmos aos
sinais com que o Senhor não cessa de autenticar as suas testemunhas e de se
atestar a si mesmo, então saberemos que ele verdadeiramente ressuscitou; ele é
o vivente. A ele nos entregamos e sabemos que assim caminhamos pela estrada
justa” (Idem, página 224).
O tempo da Páscoa que estamos iniciando quer nos educar para a presença
interior de Jesus ressuscitado, em nosso coração. É uma experiência que nunca
se esgota, não tem precisão da ciência para reforçá-la, mas requer da nossa
parte fé, abertura e docilidade. Alguns falam de moral pascal: um caminhar
segundo o Espírito, na obediência a Deus e escuta atenta e vivência da Palavra,
na fé, vida de oração e sacramental, no amor, na acolhida, no perdão, na
paciência, na alegria, na solidariedade, na responsabilidade, na paz e na vida
fraterna. É caminhar na amizade e na santidade dos filhos e filhas de Deus.
Uma santa e feliz Páscoa a todos.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.
Confira na galeria as imagens da Celebração da Páscoa da Ressurreição do Senhor presidida por Dom Paulo, na Sé Catedral. Na oportunidade, os fiéis celebraram com ele seu aniversário natalício.