Reflexão da Liturgia Dominical
Jo 13-17 é conhecido como o livro da glorificação de
Jesus. Trata de vários assuntos: a volta de Jesus para o Pai, através da sua
morte-ressurreição; a promessa do Espírito; a preparação dos discípulos para a
missão futura; o valor da união com Deus e a prática do serviço e do amor
fraterno. Os discípulos estão apreensivos, desconcertados, tristes, desolados e
com medo diante das revelações de Jesus: Judas iria traí-lo (Jo 13,18.21.26-27)
e Pedro negá-lo (Jo 13,38). Jesus orienta os discípulos, transmite consolo e
esperança, promete o Defensor, ensina a amar e a servir, como Ele.
No 6º domingo da Páscoa lemos Jo 14,15-21. Jesus fala do
amor nos versículos 15 e 21. O amor é a resposta ao vazio deixado por sua
ausência. Amar é acolher, guardar e observar os mandamentos. Jesus estabelece
entre ele e os discípulos um outro tipo de presença: Deus habita o coração de
quem ama. Na prática do amor, eles revelam-se como seguidores de Jesus e
praticantes da palavra.
Jesus ensina os discípulos a amarem como Ele amou, oferecendo
a sua vida: esta é a novidade. Quem ama é discípulo de Jesus, é continuador de
sua obra, é fiel a ele. O amor é o remédio para a cura do medo, da ansiedade,
da tristeza e das injustiças. É o mandamento maior, que transcende os demais.
Duas semanas antes de Pentecostes, a liturgia já introduz
o tema do Espírito Santo. “Eu rogarei ao Pai, ele vos dará um outro Defensor,
para que permaneça sempre convosco: o Espírito da Verdade” (Jo 14,16); “Pedro e
João impuseram-lhes as mãos, e eles receberam o Espírito Santo” (At 8,17);
Jesus “recebeu nova vida pelo Espírito” (1 Pd 3,18).
Para assumir a missão de amar, os discípulos necessitam
de um Defensor, um Advogado, um Consolador: o Espírito Santo, o Espírito da
Verdade.
O Espírito é a presença de Jesus na vida da comunidade
cristã. Ele atua nos cristãos e atualiza a missão de Jesus. Age no coração, na
vida de cada cristão e no interior da Igreja. É o sustento, a força que
impulsiona, aquele que está ao lado de quem está com Jesus.
Atos 8,5-8.14-17 narra o anúncio da Palavra de Deus na
Samaria, uma das primeiras comunidades cristãs. Filipe anuncia o Cristo e
realiza milagres. Continua a missão de Jesus. Sua tarefa evangelizadora suscita
alegria. Pedro e João rezam e impõem as mãos. Os samaritanos recebem o Espírito
Santo,
Pedro (1Pd 3,15-18) anima a comunidade a dar razão da sua
esperança, a reconhecer que o único Senhor é Jesus. Ele é a norma de
comportamento. É o justo que morreu pelos injustos, a fim de conduzi-los a
Deus. Da morte de Jesus, veio a vida nova no Espírito. Quem segue Jesus deve
viver a mansidão e o respeito. Não usa as armas de quem é violento e injusto.
Estamos nos preparando para acolher Aquele que é chamado
em nossa defesa, do qual procuramos consolação. Não vamos procurar consolo em
coisas passageiras. Deus é o nosso sustento. Só Ele basta.
Sendo consolados pelo Espírito, procuramos consolar e
aliviar a aflição, confortar a tristeza, ajudar a superar o medo e dissipar a
solidão de nossos irmãos e irmãs.
A Eucaristia é o sacramento que renova a presença do
Espírito Santo em nós.
Deus abençoe e proteja as nossas mães.
Dom Paulo
Roberto Beloto, Bispo Diocesano.