Reflexão da Liturgia Dominical
Jesus
está em Jerusalém, no Templo, falando com os sumos sacerdotes e anciãos do povo
(Mt 22,1-14). Contou a parábola de um rei que preparou um banquete para
celebrar o casamento do seu filho. Os empregados chamaram os primeiros
convidados para a festa, mas estes recusaram. Outros empregados insistiram no
convite, pois tudo já estava pronto, mas cada um se esquivou, e alguns até
foram violentos com os empregados. Diante da recusa dos convidados de honra, o
rei pediu para chamar aqueles que estavam à margem, maus e bons, enchendo a
sala da festa.
O que
Jesus quer ensinar com esta parábola? O rei é Deus e Ele é o Filho. O banquete
é o símbolo da sua aliança com o seu povo, um projeto de abundância, vida e
felicidade. O Pai celeste celebra essa aliança com os seus filhos, pela
mediação do seu Filho Jesus, revelador da Nova Aliança, baseada na justiça e no
amor. Diante da proposta do Pai, alguns recusam, não aceitam o Filho e o seu
caminho de justiça, pois estão preocupados com outras coisas, e não com a
justiça do Reino. O convite então é dirigido aos marginalizados, que aceitam a
fé em Jesus e aderem a sua proposta de salvação, participando do banquete do
Reino. O novo povo de Deus nasce daqueles que aceitam Jesus. A entrada no Reino
é fruto de um convite gratuito e de uma resposta livre e pessoal.
Mas não
basta aderir a Jesus (Mt 22,11-14). O rei observou que entre os convidados
havia “um homem que não estava usando traje de festa”. É necessário usar a sua
roupa, que é a responsabilidade e o compromisso com o Reino, a vivência das
bem-aventuranças, a prática da justiça e da misericórdia. Se não, até aqueles
que aderiram a Ele, serão excluídos.
Participar
do Reino é dom de Deus, mas requer uma resposta humana consciente, livre e
gratuita. Jesus inaugurou a justiça do Reino (Mt 3,15), ela é expressão da
vontade do Pai, que quer os seus filhos livres e salvos.
“Se vossa
justiça não for maior que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino
dos Céus” (Mt 5,20). Quem segue Jesus deve superar a justiça dos escribas e
fariseus e buscar a justiça do Reino em primeiro lugar (Mt 6,33). Esta prática
transforma o coração e coloca a misericórdia acima de tudo, fazendo gerar
pessoas novas. Quem vive a justiça do Reino é livre e íntegro, é sincero e
transparente nas suas ações, ama acima de tudo e celebra o banquete com o
Senhor.
Is
25,6-10 é uma passagem marcada pela esperança e confiança na ação de Deus, que
convoca o seu povo para um banquete fraterno, com ricas iguarias, símbolo da
sua salvação, com a eliminação das lágrimas, do luto, da tristeza e da morte.
O
apóstolo Paulo agradece a ajuda que recebeu da comunidade de Filipos, mas
alegrou-se mais com a sua generosidade. Ele não pode pagar esta ajuda, só Deus.
Nele está a nossa força, a Ele “a glória pelos séculos dos séculos” (Fl
4,12-14.19-20).
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.