Neste primeiro de uma série de artigos , Pe Danilo Juscelino da Silva escreve sobre o tema "Liturgia".
Uma das
realidades da Igreja mais faladas, palpitadas, criticadas, amadas, e olhadas,
eu diria que é a liturgia. Também pudera, ela é a realidade que mais permeia a
vida dos cristãos. De dez vezes que vamos ao templo, nove delas eu diria, são
para alguma celebração litúrgica, seja a Santa Missa, ou um batizado, um
matrimônio, uma confissão, e às vezes, quando recebemos um ministro ordenado em
algum lugar fora da Igreja, é ainda para alguma celebração litúrgica como uma
unção dos enfermos, exéquias, benção, etc.
Por isso
quero trilhar com você leitor, um caminho de aprofundamento na liturgia com alguns
artigos que serão disponibilizados neste Portal com o intuito de ajudar o povo
cristão a bem conhecer para também bem viver e celebrar a liturgia, tal como
desejou o movimento litúrgico, e depois o Concílio Vaticano II.
Precisamos
começar esse caminho com a definição do que é liturgia, tanto na busca da
etimologia da palavra e depois entendendo o que a Igreja quer dizer com a
palavra liturgia, etc.
A palavra
liturgia é de origem grega, que numa tradução livre significa “obra realizada
em favor do povo”. Nos primórdios da Igreja essa palavra era aplicada àquilo
que o “governo” da época fazia de bem para o povo, por isso “obra realizada em
favor do povo”, e essa obra era realizada pelo imperador. Os cristãos olhando
isso tomaram então essa palavra e a aplicaram às celebrações da Igreja, pois
ela é uma obra realizada em favor do povo por aquele que é o Rei dos reis e
Senhor dos senhores. E foi assim que essa palavra, que hoje é totalmente e
quase exclusivamente utilizada em ambiente eclesial, passou do profano para o
sagrado.
Liturgia na
Igreja é então tudo aquilo que envolve uma ação sagrada celebrativa onde Cristo,
o sumo e eterno sacerdote, através de sua Igreja, continua a desempenhar o seu
múnus sacerdotal realizando obras em favor do seu povo, para a salvação do seu
povo, para a santificação do povo e também para a glorificação de Deus. Essas,
segundo a Sacrosanctum Concilium
(documento do Concílio Vaticano II sobre a liturgia) as duas finalidades da
liturgia: a glorificação de Deus e a salvação dos homens.
“Esta obra da
redenção dos homens e da glorificação perfeita de Deus, prefigurada pelas suas
grandes obras no povo da Antiga Aliança, realizou-a Cristo Senhor,
principalmente pelo mistério pascal da sua bem-aventurada Paixão, Ressurreição
dos mortos e gloriosa Ascensão, em que “morrendo destruiu a nossa morte e
ressurgindo restaurou a nossa vida”. Foi do lado de Cristo adormecido na cruz
que nasceu o sacramento admirável de toda a Igreja.” (SC[1] §5).
Com isso
entendemos que liturgia é obra realizada por Deus em favor do seu povo,
exercida por Cristo sumo e eterno sacerdote através de sua Igreja, e que ela
busca a glorificação de Deus e a santificação dos homens.
No próximo
artigo seguimos esse aprofundamento na liturgia.
Pe. Danilo Juscelino da Silva
Cerimoniário episcopal, professor de liturgia no Seminário Propedêutico e membro do SEDAL.