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32º Domingo do Tempo Comum - Ano A

32º Domingo do Tempo Comum - Ano A

Reflexão da Liturgia Dominical

O fim do ano litúrgico nos ajuda a meditar sobre a vigilância, a fidelidade e a espera ativa, atitudes fundamentais para os discípulos de Jesus Cristo. Ele contou a parábola das dez virgens (Mt 25,1-13), passagem inserida no discurso escatológico de Mateus, fazendo apelo a essas condutas.

O pano de fundo é uma festa de casamento. O noivo é o próprio Jesus, aquele que devemos esperar com expectativa, como as virgens na estória. A sua chegada é como uma festa, o casamento definitivo do noivo, que é ele, com a humanidade, a noiva.

É preciso ser previdente, não deixar faltar o óleo e estar pronto para a “hora do grito”, com a “lâmpada acesa”. O óleo é o símbolo da justiça: estar preparado é um compromisso com Jesus e com a justiça do Reino. Na última hora não adianta querer emprestar óleo dos outros, ou os méritos dos outros, é preciso estar sempre vigilante.

O tema da vinda do Senhor é próprio do fim do ano litúrgico. Está presente na sua catequese e na espiritualidade cristã. Até rezamos na liturgia o nosso desejo da vinda gloriosa do Senhor: “Esperamos, ó Cristo, vossa vinda gloriosa”.

A Igreja celebra a primeira vinda do Senhor na sua encarnação, e acredita na sua vinda gloriosa. Quando será, não sabemos! O dia e a hora são segredos que o Pai reservou para si (Mt 24,36). A Bíblia indica sinais (Lc 21,25-28), perseguições (Mt 24,9), surgimento de falsos profetas (Mt 24,11.24), mas não determina o dia e a hora, nem fica especulando: o importante é a atitude básica de quem espera com amor.

Na expectativa da vinda do Senhor devem ser evitados o esmorecimento, a inquietação, a perturbação ou o alarde. Se rezamos a sua volta, não é para esperarmos com medo.

Com a encarnação, ressurreição e ascensão, o advento de Jesus na terra já aconteceu e o Reino está presente. Vivemos, portanto, “sob o regime da graça”, e somos “escravos da justiça” (Rm 6,15.18). Mas sabemos que o Reino é atacado pelas forças do mal, embora já tenham sido derrotadas em suas bases por essa presença de Cristo. Enquanto não houver “um novo céu e uma nova terra” (Ap 21,1), aguardamos a sua volta definitiva.

Deus tem paciência e espera com misericórdia a conversão dos seus filhos e filhas. Também com paciência e perseverança vivemos o tempo presente, sendo guiados pelo Espírito, na sensatez, sabedoria (Sb 6,12-16), responsabilidade, esperança (1 Ts 4,13-18) e prudência.

A vigilância caracteriza os discípulos de Jesus:  é próprio de quem ama. Se até nas coisas humanas devemos ter uma disciplina e vigilância, como levantar todos os dias no mesmo horário, seguir o mesmo programa, realizar as mesmas atividades, cumprir as normas exigentes no trabalho, etc. Ninguém pode oferecer de si o melhor se não se esforçar. Quanto mais na vida espiritual devemos ter uma disciplina. Contando com a graça de Deus, cada um faz seu caminho de renúncias, sacrifícios e mortificação.

A vigilância é caminho para Deus. Mas não se trata de uma ação que reivindica direitos perante Ele ou vantagens perante as pessoas. Mas uma vida orientada segundo o Espírito. “Se, pelo Espírito, matardes o procedimento carnal, então vivereis” (Rm 8,31). A ascese é dom do Espírito e gera a vida e a liberdade.

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.