Por Pe Diego Carlos Gonçalves
Todos os anos iniciamos um novo ano litúrgico com o tempo do
Advento. São quatro domingos antes do Natal. As leituras e toda a simbologia
utilizada nesse tempo vem nos auxiliar a renovar a esperança pela vinda de
Cristo, numa promessa de libertação, justiça, paz, alegria e vida nova. Para
tanto, vamos celebrar o nascimento de Jesus, ou seja, a recordação de sua
primeira vinda nos prepara para sua segunda vinda, quando virá julgar os vivos
e os mortos. Considerando que a iniciativa da salvação é sempre de Deus, que
Ele se compadece de nós, que veio habitar entre nós e continua vindo em nosso
auxílio, somos chamados a VIGIAR.
A vigilância consiste fundamentalmente em duas atitudes. Em
primeiro lugar precisamos abandonar os pecados, tudo o que causa prejuízo para
o próximo e para nós, o egoísmo, os vícios, o apego às coisas deste mundo, o
apego às pessoas e por fim o apego à nossa própria vida. Só possui de fato a
vida quem é capaz de oferecê-la por amor, seguindo o ensinamento e exemplo de
Cristo, esse é o outro ponto. A segunda atitude, portanto, é positiva, não
basta deixar de fazer o mal, é necessário fazer o bem, cumprir a vontade de
Deus Pai. Somos chamados a repartir, ser pacientes, humildes, dar bons
conselhos e ensinar aos que estão enganados pelo pecado ou pela ignorância,
perdoar, rezar por todos, até pelos que nos perseguem e nos fazem o mal etc.
Tudo isso nos deixa bem acordados, bem atentos à espera do
Senhor que vem. Por isso vivemos uma preparação muito simbólica para o natal.
Arrumamos nossas casas e as árvores, que enfeitamos com cores e luzes,
preparamos festa, reunimos a família e os amigos. Mas o que nos dizem esses
símbolos? Eles falam de vida, de alegria, da força do sol que vence o inverno e
esse costume remonta a culturas anteriores ao cristianismo. A estes
significados, somamos a novidade do nascimento de Jesus Cristo, nosso redentor.
Ele é o sol de justiça que veio ao mundo e venceu as trevas de nosso pecado.
Toda essa preparação serve para manifestar nossa alegria
pelo nascimento do Senhor. Não podemos nos esquecer, portanto, de acrescentar à
nossa decoração, em primeiro lugar e com destaque, o PRESÉPIO. Se esquecermos
que o sentido, o centro da festa do Natal é o menino que encontramos na
manjedoura, nossa festa perde o sentido e corremos o risco de colher a tristeza
e a morte como fruto de nossos exageros. Porque o que vai restar é o
consumismo, comilança e bebedeira, que nos fecham em nós mesmos e provocam a
divisão, discórdias, brigas, morte.
Até o papai Noel que quer manifestar a alegria do nascimento
de Cristo entregando presentes, como quem diz que o nascimento do menino Deus
trouxe presentes, alegria, vida para todos, acaba subjugado à um garoto propaganda
do capitalismo, que ensina às nossas crianças a ambição, a meritocracia, a
transformar a relação familiar em um comércio.
Preparemo-nos para o nascimento do Salvador, não permitamos que continuem nos roubando o Natal, que voltemos a reconhecer a presença do amor de Deus não só nesses símbolos que enfeitam nossas casas, mas também nas virtudes vividas, no amor oferecido gratuitamente entre nós. Feliz Natal!