Reflexão da Liturgia Dominical
A liturgia do 3° Domingo do Advento canta e celebra a alegria,
sentimento fundamental da alma humana. Deus é a causa e a fonte da alegria: ela
é dom e fruto do Espírito (Gl 5,22). Já na antífona de entrada da Missa, é
citada uma passagem de Paulo: “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito,
alegrai-vos... O Senhor está perto” (Fl 4,4.5). Também na leitura própria, o
apóstolo insiste: “Irmãos: Estai sempre alegres!” (1 Ts 5,16).
No contexto do tempo litúrgico, a alegria tem sua razão por causa da
encarnação do Verbo, que vem para nos salvar e revelar o amor de Deus. Essa é a
razão do nosso contentamento. A sua presença é fonte de alegria, graça, vida,
paz e salvação. Jesus Cristo se “assemelha a uma mina riquíssima, contendo em
si os maiores tesouros” (São João da Cruz). Por isso, conhecê-lo “é o melhor
presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que
ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa
alegria” (DAp, 29).
Os santos descobriram esta fonte de alegria que é Jesus. O grande motivo
do nosso contentamento é o seu amor. Quem acolhe o seu amor e ama, vive alegre.
Há fatores e causas que provocam a tristeza, o mau humor, a irritação, a
impaciência, a desolação, a depressão, como: a ausência de Deus, os nossos
defeitos e os dos outros, o egoísmo, a mesquinhez, a ambição, as injustiças, a
violência, as notícias negativas, as experiências traumáticas, os contratempos,
as coisas que não funcionam, o trânsito, visitas inoportunas, as perdas,
questões biológicas, doenças, a pobreza, a natureza adversa, o modo como
encaramos as adversidades, a ação do inimigo.
Como recuperar e conservar a alegria diante das situações adversas? Há
respostas humanas e profissionais. Nós buscamos acima de tudo uma resposta
espiritual, com uma atitude de fé, de paciência, amor, perdão e confiança na
graça de Deus, acreditando que Ele é maior que as limitações humanas. Sua ação
em nossa vida gera alegria.
As alegrias humanas são justas e legítimas. Mas, passageiras e nem
sempre provocam o verdadeiro consolo. Só a presença do Senhor nos satisfaz.
Quando fizermos de Deus o fundamento e o centro de nossa vida, então iremos
experimentar a alegria e a fecundidade de nossas ações.
O 3º domingo do Advento continua falando da missão de João Batista (Jo
1,6-8.19-28). Ele é enviado por Deus: “veio como testemunha, para dar
testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele” (Jo 1,7). A
missão de João não é dele, mas de Deus, ele deve despertar nas pessoas a fé
naquele que é o único que tem uma proposta de vida plena para nós. Jesus é o
Messias que veio cumprir as promessas de libertação anunciadas pelo profeta
Isaías (Is 61,1-2ª.10-11; Lc 4,14-21).
Quem acolhe Jesus, afasta-se do mal, guarda o que é bom, orienta a sua
vida para a alegria, a oração e a ação de graças, acolhendo a santidade que vem
de Deus (1 Ts 5,16-24).
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo
Diocesano.