3º Domingo do Tempo Comum
Estamos iniciando a leitura do Evangelho de Marcos, uma espécie de catecismo de iniciação cristã, que revela a pessoa de Jesus e o que significa acreditar e seguir o seu caminho. Ele é o Messias, o Filho de Deus (Mc 1,1; 15,39) que veio anunciar o Reino como vontade do Pai.
Na passagem indicada (Mc 1,14-20), temos duas realidades importantes. Depois da prisão de João Batista, “Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho e dizendo: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,14.15). A primeira é o anúncio do Reino de Deus (Basileía tou Theou), conteúdo central na pregação de Jesus. O Evangelho é o anúncio do estabelecimento do Reino de Deus, o termos aparece várias vezes em Marcos (1,15;4,11.26.30; 9,1.47;10,14-15.23-25; 12,34; 14,25). Jesus fez do termo Reino de Deus o tema central de sua pregação. O Reino é a realização de todas as promessas, a comunicação plena e total do Deus vivo em Jesus Cristo. Deve ser entendido no interior da missão de Jesus, mas também acontece de geração em geração. O Reino é gratuito, é de Deus, é dom do Espírito. A sua presença exige a nossa conversão, que é uma abertura ao Evangelho.
Após o anúncio do Reino, Jesus chamou os primeiros discípulos: Simão, André, Tiago e João. A vocação é um chamamento que exige uma resposta. É dom de Deus, que toma a iniciativa de chamar, atuando nas pessoas que respondem aos seus apelos. A vocação é pessoal: cada um é chamado a dar sua resposta, de acordo com a vontade do Senhor, sendo fiel à sua palavra. Ela exige renúncia e desprendimento: os quatro primeiros discípulos deixaram as redes, as barcas, a profissão e a família, “e partiram, seguindo Jesus” (Mc 1,20).
Jonas foi enviado por Deus à Nínive, a grande capital dos assírios, para denunciar os seus crimes. Com muito medo e, no lugar de obedecer ao Senhor, pegou um navio e tentou fugir para um lugar bem distante. Após enfrentar uma tempestade, ser jogado ao mar e engolido por um peixe, rezou pedindo a salvação. Novamente chamado (Jn 3,1-5.10), obediente à palavra e à ordem do Senhor, foi pregar a necessidade de arrependimento e conversão dos ninivitas, que acolheram os seus apelos, acreditando em Deus e demonstrando arrependimento, mediante obras de conversão. Deus se compadeceu do povo e não destruiu a cidade de Nínive.
Aos cristãos de Corinto (1 Cor 7,29-31), que acreditavam na volta iminente de Jesus, Paulo pregou a prontidão e a liberdade diante das coisas como melhor resposta.
O que é mais importante em nossa vida? Esse é o discernimento que a palavra oferece: só o Reino de Deus e seus valores são absolutos, como o amor, a misericórdia, a paz e a justiça. A vida e as coisas têm seus valores, mas tudo é provisório e passageiro. Deus é o único bem, e fora dele não há felicidade. Por isso, o valor deste pedido: “Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, e fazei-me conhecer a vossa estrada! Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação” (Sl 24,4ab-5ab).
Uma vocação autêntica supõe várias circunstâncias, compromissos e caminhos específicos e diferentes para realizá-la. Mas há uma fonte comum: Deus. Somente Jesus, que é amor, tem autoridade de nos chamar e garantir a sua presença e proteção. Com ele, podemos responder ao chamado e avançar para águas mais profundas (Lc 5,4). Com a força do Espírito, superamos os apegos e afeições desordenadas, vencemos os limites e fraquezas e prosseguimos firmes na missão. Quando o nosso coração está em Deus, perdemos o medo, pois contamos com uma força maior.
Dom Paulo Roberto Beloto
Bispo Diocesano.