Tempo da Quaresma
Iniciamos,
nesta Quarta-feira de cinzas, esse novo tempo litúrgico com um brado eloquente
do profeta Joel. Uma exortação que tem a finalidade de mudar os rumos da nossa
vida.
“Retornai a mim de todo o vosso coração,
com jejum, lágrimas e gritos de luto, rasgai os vossos corações e não as vossas
vestes, retornai a Iahweh, vosso Deus, porque ele é bondoso e misericordioso.”
O retorno é sempre uma possibilidade aberta no projeto de Deus com relação ao
homem. É uma criação do próprio Deus porque conhece a nossa debilidade e nossa
índole que nos impulsiona sempre para fazer a nossa própria vontade e que
frequentemente nos leva para o mal, para o pecado e, consequentemente, para longe dos seus
caminhos.
Esse retorno, ou seja, o voltar atrás, é justamente fruto da bondade e da
misericórdia de Deus tendo em vista não deixar que o homem fique a mercê de si
mesmo, dos seus próprios caprichos e impulsos que constantemente nos levam às
paixões sugeridas pelo próprio demônio na nossa vida, para nos perdermos para
sempre.
Longe de Deus, totalmente fragilizados, morremos para sempre. Longe dele
perdemos a dimensão da nossa dignidade de pessoa criada por amor e para amar.
Perdemos portanto o próprio sentido da nossa existência.
A quaresma é carregada da grandeza do amor do Pai que perdoa porque ama seus
filhos, da docilidade do Senhor que se faz servo e se entrega sem limites e do
Espírito Santo que nos faz viver não segundo a carne, realizando o que é
carnal, mas nos dá a identidade de filhos podendo chamar a Deus de Abbá –
Papai.
Por isso é um tempo de uma conversão profunda e sincera que denote uma mudança
real e verdadeira de mentalidade e de volta para Deus.
Voltar a Deus é mudar de rumo, retomar a estrada da vida, deixar o caminho da
morte.
Para isso o profeta nos apresenta a necessidade de fazer morrer o homem velho
através de jejuns, lágrimas, e súplicas candentes daquele que experimenta a
crueza da morte na vida que está levando.
É tempo, portanto de experimentar a misericórdia de Deus em nossa vida. Tempo
de rever as nossas atitudes e nosso modo de vida e nos voltarmos ao
arrependimento, à penitência, preparando, assim, para o que nos espera no final
desse tempo e de toda a nossa existência: viver a Páscoa do Senhor, o
acontecimento que nos introduz na eternidade.
Pe. Fábio