Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor
A celebração de Ramos e da Paixão do Senhor inicia a Semana Santa e é uma chave de leitura para se entender o seu mistério pascal, sua morte e ressurreição, o amor extremo de Deus por nós, revelado e vivido na pessoa de Jesus, que se ofereceu para nos salvar. O que marca o Domingo de Ramos é a ideia do senhorio de Jesus Cristo, aclamado como rei na sua entrada em Jerusalém. Ele é o único que pode dar sentido à nossa existência. Quando acolhemos Jesus recebemos a vida e a salvação.
Marcos 14,1-15,47 narra o caminho da paixão de Jesus, na casa de Simão, o leproso, sendo ungido com perfume por uma mulher anônima; celebrando a Páscoa com os doze; experimentando a agonia no Getsêmani; sendo entregue por Judas, preso e levado ao pretório e interrogado pelo Sumo Sacerdote, injuriado e agredido; diante de Pilatos, flagelado, abandonado e crucificado.
Jesus é o Servo que se humilha, despoja-se de tudo, até da própria vida por nossa causa, revelando o amor perene do Pai (Is 50,4-7; Fl 2,6-11). É o nosso Senhor e Salvador.
Que reações e atitudes podemos ter diante da paixão de Jesus Cristo?
1 – Das autoridades - chefes dos sacerdotes, doutores e mestres da Lei, anciãos do povo, Sumo Sacerdote, Sinédrio, Pilatos, soldados - que conspiraram e decretaram a sua morte? Da multidão anônima que acompanhou os seus passos na paixão, falsas testemunhas, que incitaram a sua crucificação? De Judas Iscariotes, um dos doze, que o traiu e o entregou por dinheiro? De Pedro, discípulo mais próximo, que prometeu fidelidade, mas o negou? Dos demais discípulos que o seguiram, mas não vigiaram com ele na solidão e temerosos, fugiram na hora do perigo?
2 – De Simão, o leproso, que o acolheu em sua casa? Da mulher que ungiu o seu corpo com perfume? De um anônimo que ofereceu a sua casa para Jesus e os doze celebrarem a Páscoa? De Simão de Cirene que se colocou ao seu lado, carregando com ele o peso da cruz? Do oficial romano que o reconheceu como o Filho de Deus? Das mulheres que ficaram firmes e solidárias até à cruz? De José de Arimatéia, membro do Conselho, solidário, que enterrou o seu corpo?
No drama das nossas fragilidades e pecados, das possibilidades de não corresponder ao amor de Deus, pedimos que o Espírito nos mantenha fiéis ao caminho daquele que morreu por nós. Não podemos abandoná-lo neste momento de solidão. A nossa participação na paixão do Senhor deve fazer em nós crescer o santo temor de Deus. Enquanto houver pecado, a paixão de Cristo continua, enquanto participamos do pecado, necessitamos da redenção.
Na Semana Santa que se inicia devemos fazer a experiência da superação da pessoa velha com Cristo e deixar nascer o novo que vive segundo Deus. Devemos ser batizados na sua morte para que a cruz se torne sinal de esperança. Devemos experimentar a configuração com o Senhor em uma união afetiva. Ai sim, não haverá mais condenação, pois estaremos unidos a Ele (Rm 8,1), e a cruz será sinal de glória (Gl 6,14). Assim também seremos sinais de esperança e canais do amor de Deus. Podemos até padecer com Cristo, mas com Ele seremos glorificados.