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32º Domingo do Tempo Comum

32º Domingo do Tempo Comum

"Ela ofereceu mais do que todos os outros"

Marcos 12,38-44 narra dois momentos distintos e paralelos no ministério de Jesus: no seu ensinamento, ele alertou a multidão sobre o comportamento dos doutores da Lei, pois ostentavam riqueza e prestígio às custas dos mais pobres; a seguir, no Templo, observou e elogiou o gesto de uma viúva.

Eram muitas as ofertas apresentadas ao Senhor no Templo de Jerusalém. Com as oferendas e para o sustento do Templo, também eram depositadas esmolas num lugar visível. Foi ali que uma pobre viúva colocou “duas pequenas moedas, que não valiam quase nada” (Mc 12,42). Um gesto despercebido por tantos peregrinos e outras pessoas que frequentavam o Tempo. Não para Jesus, para ele foi uma ação louvável, ao ponto de comentar o fato com os discípulos: “Esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas. Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver” (Mc 12, 43-44). Ela deixou-se abandonar em Deus, confiando no seu poder e na sua ação: o Senhor foi a sua segurança e a sua riqueza.

A viúva foi um exemplo de humildade e generosidade, pois deu tudo o que tinha, sem se preocupar com retribuição ou recompensa. Agiu com a pureza de intenção.

1 Rs 17,10-16: Elias foi acolhido por uma pobre viúva, que se privou do necessário para ajudar o profeta. Foi hospitaleira, experimentando a graça da retribuição divina.

Hb 9,24-28: Jesus é apresentado como o sacerdote da Nova Aliança. “Ele entrou uma só vez no verdadeiro santuário do céu... com uma oferta que expiou e aboliu o pecado uma vez por todas” (Missal Dominical). Em Jesus, somos perdoados, encontramos acesso a Deus, celebramos a nossa reconciliação.

Lições:

1 - Devemos buscar a Jesus com confiança: ele é o nosso sacerdote. Nele encontramos o sentido da nossa vida e a nossa salvação. Ter Jesus ao nosso lado é já a melhor retribuição.

2 - Devemos imitar as viúvas de Sarepta e a do Templo de Jerusalém, sendo despojados, simples e solidários, tendo confiança em Deus e oferecendo-lhe o que temos de melhor.

3 - Jesus elogiou a pobre viúva pela sua humildade, mas ele é para nós o melhor modelo. “Se procuras um exemplo de humildade, contempla o crucificado”, nos diz Santo Tomás de Aquino. É um exemplo a ser seguido, exorta o apóstolo Paulo (Fl 2,1-11). É o Filho de Deus, tinha a posse da natureza divina, mas não reteve para si esta condição, esvaziou-se em sua vida mortal, perdeu o poder divino e se tornou um simples homem escravo. Obedeceu ao Pai até à morte, despojando-se de tudo para servir. Por isso foi exaltado, e nele e por ele, toda a criação presta um culto de adoração, proclamando: “Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai”.

4 – A humildade é uma virtude fundamental na vida do ser humano, um remédio para curar o nosso orgulho. Ela nos coloca numa atitude de abertura e solidariedade com o outro. São Paulo nos exorta a nos oferecermos “em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o nosso verdadeiro culto” (Rm 12,1). Podemos oferecer os dons que recebemos, o nosso sorriso, um pouco do tempo que temos, uma palavra amiga, uma visita cordial, um perdão, um gesto de caridade.

5 - Deus não mede as nossas ações com valores numéricos: ele vê o nosso coração. Ele mede os nossos atos pela sinceridade e generosidade.

6 - É precioso evitar a hipocrisia dos escribas, superando toda e qualquer tentação de ostentação, requinte e prestígio às custas dos outros.

          

Dom Paulo Roberto Beloto,

Bispo Diocesano.