A liturgia do primeiro dia do ano celebra a solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria. É o primeiro dogma mariano, que ilumina os demais.
A liturgia do primeiro dia do ano celebra a solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria. É o primeiro dogma mariano, que ilumina os demais. Ela é a mãe de Jesus, como homem e como Deus. É nossa mãe, Advogada, Auxiliadora, Socorredora e Medianeira (LG, 62). Como a João aos pés da cruz, Jesus nos olha com compaixão e nos diz: “Eis aí tua mãe”. Como João, nós a levamos para a casa do nosso coração, para a nossa vida, para as nossas famílias. Não pode haver melhor maneira de começar o ano estando perto de nossa Mãe.
A liturgia da oitava do Natal destaca a experiência da bênção, presente no Livro dos Números 6,22-27, conhecida como a bênção sacerdotal de Aarão; e no salmo 66: “Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção, e sua face resplandeça sobre nós!” (Sl 66,1).
Na Bíblia, a bênção significa vida, proteção, liberdade, fecundidade e paz. Deus abençoa, guarda, protege, conduz, faz brilhar a sua face, mostra-se sorridente, revela-se compassivo, volta para o povo o seu rosto, olha com bondade e concede a paz.
Em Cristo Jesus, Deus nos “abençoou com toda bênção espiritual” (Ef 1,3). Fomos chamados para ser “herdeiros da bênção” (1 Pd 3,9). Esta é a nossa vocação: “louvar, reverenciar e servir a Deus” (EE, 23). Sejamos gratos, falando bem de Deus, expressando a ele o nosso louvor e agradecimento, por sua bondade e infinita misericórdia. Também somos herdeiros da bênção, vivendo em harmonia com a criação e com os seres humanos. Deus age no mundo através dos seus filhos e filhas. Quando pedimos a sua bênção devemos nos colocar à sua disposição, prontos para ajudá-lo a realizar o que pedimos. Com ela expressamos o nosso compromisso com o Senhor.
Maria nos ensina a sermos herdeiros da bênção: a buscar a Deus acima de tudo; a ter confiança na força Espírito; a deixar-se iluminar pela Palavra; a ser fiel e disponível; a amar a Igreja e recebê-la como mãe; a buscar a santidade e viver as virtudes da fé, esperança e caridade; a respeitar o outro, interessar-se por ele, amar, perdoar e ser solidário.
Iniciamos o ano pedindo e acolhendo a paz. O nascimento de Jesus trouxe a paz (Lc 2,14). O Papa Francisco escolheu como tema “Perdoa-nos as nossas ofensas: concede-nos a tua paz”, para a sua mensagem por ocasião do 58º Dia Mundial da Paz. É preciso “desarmar o coração, do primeiro ao último, do pequeno ao grande, do rico ao pobre” e estabelecer um ciclo de perdão como caminho para a paz.
No contexto do Jubileu Ordinário de 2025 que celebrará a encarnação de Jesus Cristo com o tema “Peregrinos da Esperança”, nossa meta é olhar para aquele que Deus “nos abençoou com toda bênção espiritual” (Ef 1,3). Por isso, ele é o nosso horizonte, o príncipe da paz. Ele pregou que são felizes e serão chamados filhos de Deus os que promovem a paz (cf. Mt 5,9). Nele todas as coisas foram reconciliadas e por seu sangue derramado na cruz, temos a paz (Cl 1,20). Ressuscitado, Ele nos deixou o dom da paz (Jo 20,19.21.26). A paz nasce da certeza de sermos amados por Deus. É a paz interior que ninguém pode tirar.
Na Bula de Proclamação do Jubileu, o Papa Francisco fala de sinais de esperança: “Além de beber a esperança na graça de Deus, somos também chamados a descobri-la nos sinais dos tempos que o Senhor oferece”. Que em nossas ações e atividades transpareçam esses sinais de esperança. Em Jesus, somos instrumentos da paz. Assumimos essa missão, quando vivemos o amor, o perdão, a paciência, a tolerância, a união, a justiça, a verdade, a alegria, a esperança.
Dom Paulo Roberto Beloto,
Bispo Diocesano