No Tempo Comum temos 34 semanas, em dois ciclos: o primeiro é interrompido pela Quaresma; após a festa de Pentecostes, iniciamos o segundo ciclo, até a festa de Cristo Rei.
2º Domingo do Tempo Comum
Estamos vivendo em nossa liturgia o que chamamos de Tempo Comum: tempo ordinário celebrado durante o ano que nos leva a caminhar com Jesus em sua vida pública. Ele é apresentado como o Filho de Deus, Senhor e Salvador.
No Tempo Comum temos 34 semanas, em dois ciclos: o primeiro é interrompido pela Quaresma; após a festa de Pentecostes, iniciamos o segundo ciclo, até a festa de Cristo Rei. As leituras são distribuídas por três anos, cada um seguindo um sinótico.
Um aspecto que este tempo salienta é a congregação do povo de Deus. A assembleia se reúne no Dia do Senhor, dia litúrgico por excelência, para realizar as ações sagradas do culto cristão, lembrando a “paixão, a ressurreição e a glória do Senhor Jesus e dar graças a Deus, escutando a sua Palavra e participando da Eucaristia” (Diretório para os Bispos, 148). O domingo e a Eucaristia vão juntos. “O dia da Ressurreição é o âmbito da Eucaristia” (Joseph Ratzinger, Teologia da Liturgia, p. 348).
O 2º domingo do Tempo Comum do Ano C nos oferece a passagem das bodas de Caná (cf. Jo 2,1-11). É o primeiro sinal no Evangelho de João. O objetivo é aproveitar de um sinal que revela o poder, a glória e a pessoa de Jesus.
Tudo aconteceu em um casamento. Para o povo semita, o casamento é sinônimo de aliança. Aproveitando-se de uma carência – a falta de vinho, que limitava a festa e a sua alegria, João chamou a atenção para a incapacidade da Antiga Aliança em gerar a vida. Ela não tinha mais razão de existir.
Após o pedido de sua mãe, Jesus intervém, transformando a água em vinho. O sinal indica uma realidade maior: Jesus inaugurou a Nova Aliança, trazendo o vinho novo, em abundância. Sua vida, sua proposta, seu amor, a novidade Jesus é o vinho novo. Ele é o noivo que cumpriu as promessas do profeta Isaías (cf. Is 62,1-5), o verdadeiro esposo que trouxe o amor pleno e definitivo, a justiça, a alegria, a vida na graça. Jesus salvou a alegria dos esposos e permitiu que a festa continuasse.
A nossa vida espiritual sem Jesus é como uma festa de casamento sem vinho: vai caindo na mediocridade, no cansaço, na frieza e no marasmo. Mas nas coisas de Deus não podemos nos acomodar: é preciso cuidado e esforço constantes. O remédio é convidar Jesus para as bodas de nossa vida. Se ele for de casa e estiver presente nos ajudará e nos devolverá a confiança, o entusiasmo e a alegria. Jesus presente, com certeza também é presença do seu amor.
A mãe de Jesus é a representante daqueles que são fiéis a Deus. É o símbolo da comunidade que é fiel. Faz tudo o que Jesus diz. Acredita nele. O verdadeiro cristão é fiel a Jesus. Entrega-se a ele, por isso celebra a festa, vive o tempo da graça, entra na vida nova. Quem anda com Jesus é pessoa nova.
Como viver a vida nova na comunidade? O apóstolo Paulo diz que o discípulo de Cristo é uma criatura nova e deve viver para o Senhor. Recebeu do Espírito a graça e, na liberdade, responde a Jesus. Foi justificado, agora vive os deveres de cristão.
Paulo escreveu à comunidade de Corinto para ajudá-la a ter um discernimento a respeito dos carismas (cf. 1Cor 12,4-11). Os cristãos dessa comunidade davam um valor exclusivo aos dons extraordinários. Achavam que o Espírito só se manifestava nesses dons. O apóstolo instruiu os fiéis a não se fecharem nessa experiência.
O Espírito é maior que os dons extraordinários. Ele distribui os dons para o bem de todos, sem discriminar ou privilegiar pessoas. Os carismas devem ser colocados a serviço. Ninguém é dono de um carisma. A diversidade de carismas não pode gerar a desunião, mas favorecer a comunhão e o bem da comunidade.
A Igreja reconhece e incentiva os carismas. Eles são necessários para a evangelização. Mas não concedem títulos e honras. Devem ser acolhidos com humildade, com docilidade e serem colocados a serviço para a edificação da Igreja.
Dom Paulo Roberto Beloto,
Bispo Diocesano.