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3º Domingo do Tempo Comum

3º Domingo do Tempo Comum

Lucas foi um cristão grego convertido. Não conheceu Jesus pessoalmente, mas através dos apóstolos e testemunhas do Senhor.

Estamos iniciando a leitura do Evangelho de São Lucas, Ano C. Lucas foi um cristão grego convertido. Não conheceu Jesus pessoalmente, mas através dos apóstolos e testemunhas do Senhor. Foi companheiro e discípulo de Paulo (cf. Cl 4,14; Fl 24; 2Tm 4,11). Homem culto, médico de profissão (cf. Cl 4,14), escreveu duas obras, um Evangelho bem ordenado, fora da Palestina, logo após, os Atos dos Apóstolos.

Lucas dedicou seus escritos a Teófilo (cf. Lc 1,3; At 1,1-2), que devia ser uma pessoa importante na comunidade. Esta palavra significa amigo de Deus. Por isso muitos especialistas afirmam que os verdadeiros destinatários são os amigos de Deus.

O Evangelho traça o caminho de Jesus, que se realiza na história. Para percorrê-lo, o Filho do Altíssimo (cf. Lc 1,32) se fez homem em Jesus de Nazaré (Idem, 2,1-7), trazendo para dentro da história humana o projeto de salvação que Deus tinha revelado, conforme a promessa feita no Antigo Testamento.

O ápice do 3º Evangelho está nas palavras de Jesus na cruz; “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). A morte de Jesus é a sua libertação nas mãos de Deus. Ele fez da sua vida e morte um ato de humildade, de confiança e obediência. Deus respondeu com a ressurreição (cf. At 2,22-24; 3,15), que revela e legitima o caminho de Jesus como o caminho da vida.

As comunidades que receberam os escritos de Lucas enfrentavam situações difíceis. O seu objetivo é apresentar Jesus como esperança para esses cristãos em crise.

O texto indicado pela liturgia neste 3º domingo tem duas partes distintas. A primeira parte (Lc 1,1-4) reúne o prólogo no qual o autor mostra o que pretende fazer. Qual é a sua intenção com os seus escritos? Lucas descreve o assunto, o método e a finalidade de sua obra. Recebeu um material da tradição. Fez uma pesquisa com desvelo. Escreveu com ordem lógica, originalidade e objetivos definidos. A segunda parte (Lc 4,14-21) narra o episódio na sinagoga de Nazaré, que trata o programa de Jesus.

O texto diz que Jesus foi conduzido pelo Espírito. Na sinagoga, lugar do encontro religioso dos judeus, ele fez o que poderia fazer um judeu adulto: ler um texto dos profetas, ou de outro livro das Escrituras e explicá-lo aos ouvintes. O texto escolhido é do profeta Isaías que narra as promessas de libertação para os pobres, a partir da presença de um Messias (cf. Is 61,1-2).

A novidade está na explicação da leitura de Jesus. Ele é o Messias que veio cumprir essa missão: veio libertar os pobres e restaurar o Ano de Graça do Senhor – ano do perdão de todas as dívidas e redistribuição das terras e propriedades. Jesus veio realizar essa experiência de fraternidade e comunhão. Quando fala “hoje”, está se referindo a sua atividade terrestre e também a sua presença nas comunidades e na evangelização da Igreja, que confia em Deus, que ama e perdoa.

Neemias 8,2-4ª.5-6.8-10 narra a leitura que o sacerdote Esdras fez do livro da Lei. Esdras encontrou na Palavra de Deus o instrumento para congregar e reunir o povo e iluminar a sua vida. Ouvindo com atenção a leitura do texto, o povo aclama e chora. Encontra nele o sentido de sua vida. Esdras exortou toda a assembleia à alegria e a celebrar a festa. A alegria do Senhor é a força do seu povo (cf. Ne 8,12).

Em 1Cor 12,12-30, Paulo exortou a comunidade a viver na unidade. A comunidade é um corpo, e cada parte tem a sua função e o seu valor, nela, todos são importantes, cada qual com seus dons. O Espírito gera a unidade e o serviço mútuo.

Dom Paulo Roberto Beloto,

Bispo Diocesano.