A Constituição Dogmática Dei Verbum, sobre a Revelação divina, diz que “as Divinas Escrituras sempre foram veneradas como o próprio Corpo do Senhor pela Igreja” (DV, 21).
Ele nos fala e nos comunica o seu amor e a sua vontade na Palavra. Para os cristãos, a Bíblia é sustento, vigor, luz, firmeza de fé, alimento para o caminho.
Entre as principais tarefas da Igreja está a pregação da Palavra. Obedecendo aos apelos e mandato do Senhor (cf. Mt 28,19-20; Mc 16,15-16), ela propaga a fé e a salvação de Cristo. O ministério da Palavra tem um importância fundamental na missão da Igreja. Ela é enviada, através de todos os batizados, a evangelizar. Esta é “a graça e a vocação da Igreja, a sua mais profunda identidade” (EN, 14).
O apóstolo Paulo apresenta o seu apostolado como graça de Deus, por isso ele não se envergonha do Evangelho, que “é poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1,16). “Ai de mim, se eu não anuncio o Evangelho!” (1 Cor 9,16). Ao “filho legítimo na fé” (1 Tm 1,2) e discípulo Timóteo, ele pediu firmeza, insistência, fidelidade e paciência (cf. 2 Tm 4,2 na pregação da Palavra, pois “toda a Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para argumentar, para corrigir e para educar conforme a justiça. Assim, a pessoa que é de Deus estará capacitada e bem preparada para toda boa obra” (2Tm 3,16.17).
O que pregamos é a Palavra de Deus. “Não é a nós mesmos que anunciamos, mas a Jesus Cristo, o Senhor” (2 Cor 4,5). E o “Cristo crucificado” (1 Cor 1,23). Nossa missão profética é anunciar a pessoa e a obra de Jesus Cristo.
Jesus contou aos fariseus a parábola do rico e do pobre Lázaro (cf. Lc 16,19-31). Esta história só aparece neste Evangelho. Ela apresenta duas realidades diferentes. O objetivo é salientar a mudança de situação: após à morte, Lázaro é levado pelos anjos ao lado de Abraão, enquanto que o rico sofre os tormentos da ausência de Deus.
A parábola é um apelo à conversão. A riqueza pode gerar no coração do ser humano a dureza, a indiferença e a insensibilidade diante das necessidades dos outros. Quem coloca os bens no centro da vida, afasta-se de Deus e dos irmãos. A conversão significa misericórdia, solidariedade e caridade ao próximo.
Uma outra lição importante aparece no diálogo do rico com Abraão, revelando que a vontade de Deus se encontra na Palavra revelada: “Eles têm a Moisés e os profetas, que os escutem” (Lc 16,29). Moisés e os Profetas representam duas grandezas do Antigo Testamento, a Lei e a Profecia. Quem os escuta, escuta o próprio Deus.
Amós 6,1ª.4-7 e 1 Tm 6,11-16 apresentam a vontade de Deus: justiça, piedade, fé, caridade, constância e mansidão. Em outras palavras, observar os mandamentos.
Deus nos espera na Eucaristia. Transmite-nos a sua Palavra e nos alimenta com o seu Corpo e o seu Sangue. Nela, reforçamos a nossa adesão à vontade do Pai. Que o Senhor derrame sobre nós a sua graça, para que caminhando ao encontro de suas promessas, alcancemos os bens que ele nos reserva.
Dom Paulo Roberto Beloto,
Bispo diocesano.