18º Domingo do Tempo Comum
"Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede." (João 6:35)
João 6 narra a partilha dos pães e dos
peixes e o discurso eucarístico. É o quarto sinal neste Evangelho, que
tem como objetivo suscitar a fé em Jesus Cristo, o pão da vida.
As
cenas da multiplicação dos pães e do discurso eucarístico aconteceram
próximo à Páscoa. Relacionam-se com experiências narradas no livro do
Êxodo: Jesus atravessando o mar da Galileia, também chamado de
Tiberíades, recorda a passagem do mar Vermelho; sua subida ao monte,
lembra Moisés no Sinai; os pães e os peixes distribuídos, fazem recordar
as codornizes e o maná no deserto, episódio narrado na primeira
leitura. Jesus é o novo Moisés que inaugura o novo êxodo, oferece o pão
da Palavra e da Eucaristia (Jo 6,1-15).
Após
a partilha dos pães e dos peixes, temos o episódio de Jesus caminhando
sobre as águas. A seguir, ele explica o significado do “sinal do pão”
(Jo 6,24-35). As pessoas não compreenderam o sentido da partilha dos
pães. Ficaram apenas no sinal. Jesus propõe outra atitude: “Esforçai-vos
não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a
vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará. Pois este é quem o Pai
marcou com seu selo (Jo 6,27).
O
que permaneceu no gesto dos pães? A manifestação da presença e
providência de Deus, na pessoa de Jesus; a partilha, a comunhão, a
amizade e a solidariedade. Este é o alimento que o Senhor oferece e que
foi marcado e selado pelo Pai.
O
alimento oferecido é gratuito, é dom de Deus. Ele nos alimenta com a
sua Palavra e com o Pão Eucarístico. Oferece-nos a salvação por meio de
seu Filho, gratuitamente. Jesus é o pão que dá a vida e mata a nossa
fome e a nossa sede (Jo 6,35). A nossa resposta é dizer sim, acreditar
neste dom, acreditar em Jesus e acolhê-lo na fé.
Êxodo
16,2-4.12-15 narra um fato ocorrido quando o povo de Deus estava no
caminho da terra prometida, no deserto do Sinai. Diante da sua
murmuração, reclamando alimento, Deus respondeu com o seu poder, cuidado
e ternura, providenciando codornizes e o maná, alimentos e sustento
necessários para superar a precariedade do deserto. Com relação ao maná,
não havia clareza que alimento era, mas o importante é que era um pão
milagroso, vindo da bondade de Deus. Esta providência divina despertou
no povo a confiança na sua ação.
Efésios
4,17.20-24 apresenta desafios para os cristãos no mundo paganizado.
Viver como pagão é apegar-se ao nada, é deixar Deus que é tudo e viver
de futilidades e coisas vazias, que impedem de ver o verdadeiro sentido e
o valor da vida. O paganismo corrompe a capacidade de discernimento.
Cristo
é a referência para os cristãos. É a verdade que liberta e direciona o
agir correto. Quem é de Cristo deve abandonar as coisas velhas, a vida
anterior ao batismo e viver a vida nova, com outros critérios e valores.
É uma conversão contínua, pois as tentações do mundo pagão são fortes e
seduzem. Daí a necessidade de renovar-se sempre e dizer um basta às
práticas pagãs e voltar-se para Cristo. Esta renovação é obra do
Espírito. Ele rejuvenesce e transforma a pessoa na qualidade do ser.
Deus
criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança. O pecado ofuscou e
escondeu essa dignidade. Em Cristo, a pessoa nova é recriada, segundo a
imagem do Criador. Paulo lembra uma imagem do rito batismal das
primeiras comunidades: a troca de roupa. A veste nova recebida no
batismo significa a nova identidade cristã. O cristão é uma pessoa nova,
criada à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade (Ef 4,24).
A
Palavra de Deus e a Eucaristia alimentam o cristão para responder com
generosidade e fidelidade a graça da vocação recebida no seu batismo.
“Eu sou o pão da vida”, diz Jesus (Jo, 6,35). Ao receber deste pão,
somos revestidos de Cristo, impulsionados pelo Espírito para viver como
criaturas novas, filhos e filhas do Pai celeste.
Rezemos neste domingo pelos ministros ordenados.