19º Domingo do Tempo Comum
"Eu sou o pão vivo descido do céu" (Jo 6,51).
João 6 narra a partilha dos pães e dos peixes. Logo após o sinal,
temos uma catequese que tem a intenção de apresentar Jesus como o
verdadeiro pão que vem do céu e que sacia os que acreditam nele. Ele é o
dom do Pai oferecido ao mundo, a sua encarnação plena na história
humana. O pão que o Senhor oferece é a sua carne. Quem dele comer
viverá eternamente (Jo 6,51).
O que significa comer este pão? O
pão material é uma necessidade básica. Sem comida e sem bebida, a vida
não se mantém. Jesus alimenta as pessoas com o pão material, mas é um
alimento que se acaba. Ele oferece um “pão” que vai além das
necessidades básicas e que dura para sempre: a sua própria vida.
Ao
utilizar o símbolo do pão material e dizendo que ele “é o pão da vida”
(Jo 6,48), Jesus quer nos dizer que sem Deus não somos nada. Somente ele
dá sentido à existência humana. “Comer deste pão” é orientar a vida
segundo os critérios evangélicos, é viver conforme o projeto divino, com
Deus e para ele.
O Evangelho é um apelo a acolher Jesus como a
sabedoria que vem do céu. Ele é a revelação plena de Deus. Os seus
ensinamentos e as suas palavras nos conduzem à verdade e à vida. Ele nos
revela e nos ensina o caminho do Pai. Quem nele crer, possui a vida
eterna. Jesus é o “pão” que revela o Pai. Quando seguimos os seus
ensinamentos e o seu caminho, que é a prática do amor fraterno e da
justiça, estamos no rumo certo.
O discurso de Jesus remete à
Eucaristia: “minha carne dada para a vida do mundo” (Jo 6,51), tem
intima relação com a Ceia Eucarística.
João utiliza a palavra
“carne”, no capítulo 6 e no prólogo do seu Evangelho: “A Palavra (Verbo)
se fez carne” (Jo 1,14). A Palavra se fez homem. Corpo e carne, indicam
toda a existência humana.
Na encarnação e na Eucaristia,
Jesus nos deu como dom toda a sua vida: sua história, seu apostolado,
seus milagres, suas orações, seu silêncio, seus sofrimentos, fadigas e
humilhações. Deu-nos seu corpo e sangue: sua vida e sua morte.
Na
Missa, o Senhor nos convoca, nos exorta, nos consola, nos fortalece e
nos alimenta com a sua Palavra e com o seu Corpo e Sangue.
Deus
nos diz, como ao profeta Elias: “Levanta-te e come!” (1Rs 19,5.7), pois
também temos um caminho longo a percorrer. Com a força deste alimento,
seguimos nossa peregrinação.
O profeta está passando por uma
dura experiência que o deixa desanimado, deprimido, desiludido,
desesperado e cansado, ao ponto de fugir e pedir a morte. Um anjo
enviado por Deus o encoraja, com palavras e alimento. Ele agora tem
força para retomar o longo caminho na direção do monte de Deus (1Rs
19,4-8). Que lição para nós!
Com o alimento da Palavra e da
Eucaristia, com a força do Espírito, somos capazes de vencer as
tentações, as provações, as crises existenciais e espirituais, as
desilusões, o medo e o desânimo e acolher e viver os conselhos de Paulo
((Ef 4,30-5,2): superar e tirar do nosso coração e das nossas atitudes,
toda amargura, irritação, cólera, gritaria, injúrias e maldades. As
relações tensas e ásperas destroem a comunidade e entristecem o
Espírito.
Pelo Batismo, o cristão torna-se criatura nova,
segundo à imagem de Deus, reveste-se da graça e da vida nova, procura a
bondade, a compaixão, o perdão e o amor, bases da vida comunitária.
Rezemos neste domingo pelos pais e nossas famílias.
Dom Paulo Roberto Beloto,
Bispo Diocesano.