Assunção de Nossa Senhora
"Minha alma engrandece ao Senhor, porque olhou para a humildade de sua serva." (Lucas 1,46-48)
O Concílio Vaticano II tem orientações claras sobre o culto mariano.
Apresenta Maria como “Advogada, Auxiliadora, Socorredora e Medianeira”,
mas isto “se entende de tal modo que nada derrogue, nada acrescente à
dignidade e eficácia de Cristo, o único Mediador” (LG, 62). Os
exercícios de piedade dirigidos à Maria devem salvaguardar os valores
essenciais do cristianismo: nossa relação primeira é com a Santíssima
Trindade. Só a Deus devemos adorar. Maria está integrada no mistério de
Cristo.
A piedade mariana tem elementos que servem
como base, que são os dogmas. A Igreja católica afirma quatro dogmas
marianos: Maria, Mãe de Deus, a virgindade de Maria, o dogma a Imaculada
Conceição e a Assunção de Nossa Senhora. O dogma é uma afirmação de fé
formulada como doutrina. “Os dogmas são luzes no caminho de nossa fé que
o iluminam e tornam seguro” (CIgC, 89).
Theotókos significa
geradora de Deus. É um título mariano que ilumina os demais. Maria é mãe
de Jesus, como homem e como Deus. Ela é a mãe da pessoa de Jesus na sua
totalidade. Em relação ao Pai, Maria é a filha predileta e escolhida.
Em relação ao Filho, é mãe, educadora, discípula e companheira. Maria é
cheia do Espírito. Maria é também nossa mãe, ela é mãe dos filhos no
Filho. A Igreja e cada cristão participam da maternidade de Maria.
“Maria
permaneceu Virgem, concebendo seu Filho, Virgem ao dá-lo à luz, Virgem
ao carregá-lo, Virgem ao alimentá-lo de seu seio, Virgem sempre” (CIgC,
510). Maria concebeu Jesus por ação do Espírito Santo, por pura graça e
iniciativa de Deus. Também recebeu uma graça extraordinária por ocasião
do nascimento de Jesus. E continuou virgem, consagrando-se totalmente a
Deus.
O dogma da Imaculada Conceição reconhece a santidade de
Maria: ela não conheceu o pecado, para que fosse a digna Mãe do Filho
de Deus. Nela habita a graça, por isso é toda santa. Maria recebeu do
Senhor graças especiais, nasceu e viveu mais integrada do que qualquer
outra pessoa, com mais capacidade de ser livre e acolher a proposta
divina. Mas ela é humana como nós e se esforçou para ser peregrina na
fé.
A Igreja celebra a glorificação de Maria em
corpo e alma. Ela está no céu, junto de Deus, cheia de graça e luz. Como
está na glória, pode interceder por nós.
Na assunção de
Maria, a liturgia nos oferece uma das orações mais belas da Bíblia, dita
por Maria, que chamamos de Magnificat. O hino possui o olhar de Maria
sobre Deus (Lc 1,46-50) e o olhar de Deus sobre nós (Lc 1,51-55).
Maria
dirige-se a Deus e o chama de Senhor. É uma atitude de reverência e
adoração. Mas ao mesmo tempo, é um Deus próximo: ela o chama de meu
salvador. Nessa luz de Deus, Maria se vê como seva. Por isso, o Senhor
vê a humildade de Maria, a escolhe e a glorifica.
Deus olha a
humanidade: dispersando os soberbos de coração, derrubando do trono os
poderosos e despedindo os ricos de mãos vazias; elevando os humildes,
enchendo de bens os famintos e socorrendo a Israel. Derrubar os
poderosos e dispersar os soberbos não é castigo, mas condição de
salvação.
Para Maria, o Reino já veio. Ela nos ensina a olhar o
mundo com os olhos de Deus: com compaixão. Ela nos chama à conversão,
pois também corremos o risco de olhar os outros com poder. Por isso,
devemos descer do trono da vaidade, do orgulho e do egoísmo; vencer a
autossuficiência e reconhecer que precisamos de Deus.
Na festa em louvor a Nossa Senhora da Glória, rezamos e pedimos a sua intercessão por todas os consagrados e consagradas.
Dom Paulo Roberto Beloto,
Bispo Diocesano.