26º Domingo do Tempo Comum
"Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós, é a nosso favor."
A liturgia da Palavra do 26º Domingo
Comum trata de alguns temas, um deles é a discriminação de pessoas que
não fazem parte do mesmo grupo. O tema aparece na primeira leitura (Nm
11,25-29). Moisés era o profeta por excelência para o povo. Deus se
servia de sua liderança para transmitir a sua vontade. A partir da
queixa desse, 70 anciãos do povo receberam um pouco do “espírito” de
Moisés para profetizar. Outros começaram a falar em nome do Senhor,
mesmo não participando oficialmente do grupo. Josué protesta: pede que
Moisés faça calar esses profetas. Quer exclusividade para os de dentro.
Mas Moisés não desautoriza tal prática, antes, acolhe-a e reconhece o
profetismo fora da instituição.
O
Evangelho narra um fato análogo (Mc 9,38-40). João se dirigiu a Jesus
para denunciar alguém que agia em “nome do Senhor”, e comunicar com
certo orgulho a proibição feita a este pelos discípulos. Eles queriam um
monopólio do nome de Jesus e do anúncio do Reino. O Senhor respondeu a
João: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois
falar mal de mim. Quem não é contra nós é a nosso favor” (Mc 9,39-40).
Moisés
e Jesus deram uma lição de tolerância e liberdade. Para ser profeta e
discípulo não é necessário pertencer a um grupo fechado. Jesus é a
medida transcendente que supera a discriminação e a divisão. A ação é
dom do Espírito, ele sopra onde quer e não está preso a nenhum grupo
humano. Fazer o bem é tarefa de todos.
Outro
tema do Evangelho é o escândalo contra os pequeninos (Mc
9,42-43.45.47-48). Escandalizar é fazer tropeçar, colocar obstáculo,
prejudicar a vida do outro; é desviá-lo do caminho, levá-lo ao pecado e a
perda da fé. Na passagem, “escandalizar os pequeninos” é o mesmo que
prejudicá-los, desviá-los do caminho, ser-lhes ocasião de pecado.
Jesus
utilizou três partes importantes do corpo que simbolizam a totalidade
da ação humana. Podemos realizar ações que geram a vida ou que nos levam
para a geena (inferno). As mãos lembram o agir, estão ligadas ao
serviço que prestamos aos outros: se o nosso agir está prejudicando
alguém, deve ser “cortado”. Os pés lembram o caminhar: se o nosso
caminhar contradiz as orientações de Jesus, deve ser “cortado”. Os olhos
lembram a visão: o verdadeiro discípulo deve ter uma nova visão, uma
nova consciência das coisas, deve olhar a vida como Jesus. Quem é
discípulo de Jesus age com amor, caminha com esperança e olha com fé.
As
instruções do Mestre são atuais. A sociedade de hoje “escandaliza”, e
muito. Desvia-se do caminho, opõe-se à fé; gera desordens, corrupção e
desrespeito à vida. Jesus quer uma ação que integra a vida, a liberdade e
leva ao Reino. É preciso coerência, firmeza, perseverança, caso
contrário, estaremos “escandalizando”.
São
Tiago (Tg 5,1-6) faz uma severa condenação aos ricos que cometem
injustiças; denuncia a sua ganância, a iniquidade e a insensatez. Deus
faz justiça: não é a riqueza que salva.
Celebrando
o dia da Bíblia, pedimos ao Senhor que a sua Palavra ilumine e
transforme a nossa vida, fortaleça a nossa fé e alimente a nossa alma.