Solenidade de São Pedro e São São Paulo 2021

Reflexão da Liturgia Dominical

Os santos, com certeza, agem em nosso favor, pois participam da santidade de Cristo. Mas além da necessária intercessão, encontramos neles modelos de virtudes. Eles são para nós exemplos e escolas de fé, esperança e caridade. Seguindo caminhos próprios, Pedro e Paulo nos ajudam na acolhida e na prática das virtudes teologais.

A fé é dom de Deus, mas precisa ser acolhida, aprofundada, celebrada e vivida. A fé é acolher a graça de Jesus Cristo, o amor do Pai, a comunhão e a força do Espírito Santo.

Pedro e Paulo foram seduzidos pelo Senhor e pelo Evangelho. São pessoas de profunda fé. Tanto um como o outro nos ensinam que no caminho da fé temos experiências consoladoras, mas também de sacrifícios e cruzes. A única força é Jesus ressuscitado. Quem tem fé sabe que Deus é Deus e que deve confiar sempre.

A noite não impede um peregrino de seguir o seu caminho. Uma lanterna, a luz da lua ou até as próprias estrelas permitem que se prossiga em meio à escuridão. Mesmo que todo o resto permaneça no escuro, os focos de luz iluminam a porção desejada do caminho. Não é possível esta empreitada em meio a uma tempestade. O peregrino não sabe mais onde se encontra. Corre o risco de cair em um buraco, ficar dando voltas no mesmo lugar e se perder. O cristão consegue prosseguir dentro da noite da vida, embora esta seja, às vezes, densa, escura: sua fé ilumina as trevas. Sem a fé, passamos da noite à tempestade. Ficamos perdidos.

Pedro e Paulo têm uma convicção profunda para viver o Evangelho e enfrentar os problemas, sem desanimar. Como carregar a cruz sem perder a paz e a esperança? A ressurreição de Cristo é a esperança viva e o fundamento da vida cristã.

Um menino pode passar por muitos lugares estranhos e desconhecidos, mas se, em cada um deles, souber reencontrar o rosto do seu pai, ele supera o medo provocado pelo desconhecido, e vai tranquilo. Se soubermos reencontrar sempre a presença de Deus, superamos o nada. O seu rosto é a raiz do Evangelho de Jesus e é o sentido e a força da nossa vida e caminho.

A experiência do amor de Deus guiou as vidas de Pedro e Paulo. Nada nos poderá separar do seu amor. O valor máximo é o amor de Deus por mim tal qual sou e por meu próximo.

Diz um conto judaico, que certa vez um velho rabino perguntou aos seus discípulos como se podia saber o momento em que a noite acaba e o dia começa. “Seria quando é possível distinguir de longe, sem dificuldade, um cão de um carneiro?”, perguntou um. “Não” - diz o rabino. “Seria quando é possível diferenciar uma tamareira de uma figueira?”. “Não”. “Mas então quando é?” – perguntam os discípulos. O rabino respondeu: “Quando, olhando o rosto de qualquer homem, reconhecemos o nosso irmão ou a nossa irmã. Até então, ainda é noite no nosso coração”.

Aprendemos de Pedro e Paulo que a fé, a esperança e a caridade recebemos e vivemos na Igreja. Unidos a esses apóstolos, recordando a figura do Papa, renovamos nossa profissão de fé em Jesus, alimentamos a esperança e a caridade fraterna. 

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.

(Imagem: El Greco, 1590)