19º Domingo do Tempo Comum - Ano B
Reflexão da Liturgia Dominical
João 6 narra a partilha dos pães e dos peixes. Este 4º
sinal serve como introdução, logo após temos uma catequese que tem a intenção
de apresentar Jesus como o verdadeiro pão que vem do céu e que sacia os que
acreditam nele. Ele é o dom do Pai oferecido ao mundo, a sua encarnação plena
na história humana. O pão que o Senhor oferece é a sua carne. Quem dele
comer viverá eternamente (Jo 6,41-51).
O que significa comer deste pão? O pão material é uma
necessidade básica. Sem comida e sem bebida, a vida não se mantém. Jesus
alimenta as pessoas com o pão material, mas é um alimento que se acaba. Ele
oferece um “pão” que vai além das necessidades básicas e que dura para sempre:
a sua própria vida.
Ao utilizar o símbolo do pão material e dizendo que Ele
“é o pão da vida”, Jesus quer nos dizer que sem Deus não somos nada. Somente
Ele dá sentido à existência humana. “Comer deste pão” é orientar a vida segundo
os critérios evangélicos, é viver conforme o projeto divino, com Deus e para Ele.
O Evangelho é um apelo a acolher Jesus como a sabedoria
que vem do céu. Ele é a revelação plena de Deus. Os seus ensinamentos e as suas
palavras nos conduzem à verdade e à vida. Ele nos revela e nos ensina o caminho
do Pai (Jo 6,46). Quem nele crer possui a vida eterna. Jesus é o “pão” que
revela o Pai. Quando seguimos os seus ensinamentos e o seu caminho, que é a
prática do amor fraterno e da justiça, estamos no rumo certo.
O discurso de Jesus remete à Eucaristia: “minha carne
dada para a vida do mundo” (Jo 6,51) tem íntima relação com a Ceia eucarística.
João utiliza a palavra “carne”, no capítulo 6 e no
prólogo do seu Evangelho: “A Palavra (Verbo) se fez carne” (Jo 1,14). A Palavra
se fez homem. Corpo e carne, indicam toda a existência humana.
Na encarnação e na Eucaristia, Jesus nos deu como dom
toda a sua vida: sua história, seu apostolado, seus milagres, suas orações, seu
silêncio, seus sofrimentos, fadigas e humilhações. Deu-nos seu corpo e sangue:
sua vida e sua morte.
Na Missa, o Senhor nos convoca, nos exorta, nos consola,
nos fortalece e nos alimenta com a sua Palavra e com o seu Corpo e Sangue.
Deus nos diz, como ao profeta Elias: “Levanta-te e come!”
(1Rs 19,5.7), pois também temos um caminho longo a percorrer. Com a força deste
alimento, seguimos nossa peregrinação.
O profeta está passando por uma dura experiência que o
deixa desanimado, deprimido, desiludido, desesperado e cansado, ao ponto de
fugir e pedir a morte. Um anjo enviado por Deus o encoraja, com palavras e
alimento. Ele agora tem força para retomar o longo caminho na direção do monte
de Deus (1Rs 19,4-8). Que lição para nós!
Com o alimento da Palavra e da Eucaristia, com a força do
Espírito, somos capazes de vencer as tentações, as provações, as crises
existenciais e espirituais, as desilusões, o medo e o desânimo e acolher e
viver os conselhos de Paulo ((Ef 4,30-5,2): superar e tirar do nosso coração e
das nossas atitudes, toda amargura, irritação, cólera, gritaria, injúrias e
maldades. As relações tensas e ásperas destroem a comunidade e entristecem o
Espírito.
Pelo Batismo, o cristão torna-se criatura nova, segundo à
imagem de Deus, reveste-se da graça e da vida nova, procura a bondade, a
compaixão, o perdão e o amor, bases da vida comunitária.
Dom Paulo
Roberto Beloto, Bispo Diocesano.