21º Domingo Comum – Ano B

Reflexão da Liturgia Dominical

João 6, 60-69 narra o final do discurso eucarístico de Jesus, que tem como intenção levar os discípulos a uma compreensão e uma consciência clara sobre o sentido de sua pessoa e missão: Ele é o pão da vida, o amor encarnado, o caminho que leva a Deus. Quem o recebe, compromete-se com Ele, torna-se sinal para os outros, é canal do amor e da graça, pelo poder e força do Espírito.

Alguns discípulos reagiram diante da proposta de Jesus, considerando difícil o caminho e o abandonaram. Outros, tendo Pedro como interlocutor, acolheram a sua proposta. Para eles, não há outra opção, a não ser seguir Jesus. Só Ele tem “palavras de vida eterna”, é o “Santo de Deus” (Jo 6,68-69).  Por isso, “conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (DAp, 29).

Jesus Cristo é o centro da nossa fé. Quando falamos “cristão”, estamos nos referindo àquele que entrou em relação pessoal e viva com Jesus Cristo e o reconhece como Senhor e Salvador. É o Batismo que nos dá esta dignidade de consagração e pertença ao Senhor. Por este sacramento, Jesus nos convida à amizade com Ele e ao apostolado. A fé cristã é um encontro de amor. É o amor de Deus revelado na pessoa de Jesus Cristo, que nos santifica e dá sentido à nossa existência.

Nossa resposta de fé ao Senhor é livre. Mas Deus quer uma opção objetiva, firme e clara. Não se pode servir a dois senhores (Mt 6,24). Somos chamados a fazer a experiência da família de Josué e do povo de Deus e dizer solenemente: “nós também serviremos ao Senhor, porque ele é o nosso Deus” (Js 24,18b). Somos chamados a responder como Pedro, diante da interrogação de Jesus: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (Jo 6,69).

Efésios 5,21-32 é um código com orientações para a vida familiar. Trata das relações do homem e da mulher. Paulo utiliza uma analogia com o tema Cristo-Cabeça do Corpo-Igreja para iluminar essa relação. O apóstolo vai além da ordem natural e da mentalidade da época, que considerava o homem cabeça da mulher, ao utilizar a analogia Igreja-Cristo, que se fundamenta no amor. Cristo é o ponto de partida. O corpo e a cabeça se unem num mesmo compromisso. Cabeça não significa dominação, mas uma função de proteção. Entre homem e mulher deve haver uma só vida e um só destino.

Jesus morreu pela Igreja. Ofereceu sua vida por amor. Assim como a Igreja é solícita por Cristo, assim devem ser as mulheres em tudo pelos seus maridos. Assim como ele amou a Igreja, deve ser o amor entre marido e esposa:  como Cristo protege a Igreja, o marido deve proteger a esposa.

Paulo não discute a relação de subordinação e a estrutura familiar vigente. Acrescenta o compromisso de amor, semelhante ao amor de Jesus pela Igreja. Um amor de doação e sacrifício. No matrimônio, há uma relação de graça, de dom de Deus, de compromisso, de amor, de oferta e sacrifício entre homem e mulher.

A Igreja lembra a figura do catequista. Valorizando o serviço da catequese e reconhecendo essa louvável missão, o papa Francisco, através do Motu proprio, “Antiquum Ministerium”, institui formalmente o “Ministério laical de Catequista”.  Acolhemos com alegria essa decisão do Santo Padre. Louvamos a Deus pela solicitude da catequese em nossa diocese e paróquias, como um processo urgente, necessário, imprescindível e permanente de educação da fé. Deus abençoe os nossos catequistas, que anunciam Aquele que tem palavras de vida eterna.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo diocesano.