31º Domingo do Tempo Comum - Ano B
Reflexão da Liturgia Dominical
Marcos 12,28b-34. Respondendo à
pergunta que um mestre da Lei fez sobre o primeiro de todos os mandamentos,
Jesus citou Dt 6,4-5 (1ª leitura), que apresenta o Shemá (escuta) Israel, a
profissão de fé e o centro da espiritualidade dos israelitas. Deus é o único a
ser adorado, com um amor total que envolve todo o ser humano: coração
(consciência), alma (ser), entendimento e força (ações). Completou a sua
resposta com outra passagem da Lei da santidade, em Lv 19,18, que trata do amor
ao próximo. São os dois maiores mandamentos: amar a Deus, primeiramente, e amar
o próximo. Em Mateus 22,49, Jesus diz que “toda a Lei e os Profetas dependem
desses dois mandamentos”.
O mestre da Lei confirmou a resposta
de Jesus, acrescentando que o cumprimento dos dois mandamentos supera todo os
holocaustos e sacrifícios. Quem age assim, concluiu Jesus, não está longe do
Reino de Deus.
A relação com Deus e com as pessoas
não se opõe nem se separa, tendo o amor teologal como motor, ponto de partida e
a sua essência, pois Deus é amor, e quem “permanece no amor, permanece em Deus,
e Deus permanece nele” (1 Jo 4,16).
O amor é o cumprimento pleno da Lei,
nos ensina o apóstolo Paulo (Rm 13,8.10). Mas não é fácil amar. Alguns entraves
dificultam a prática do amor. Por exemplo: a imagem errada de Deus. Temos a
plena certeza e a convicção de que Ele nos ama, e que o seu amor é maior do que
as nossas misérias? Buscamos o Senhor porque confiamos na sua graça,
reconhecemos a sua bondade, amor e grandeza, ou por medo do seu castigo?
Também dificulta a vivência do amor a
falta da consciência da presença de Deus e da sua verdade. O ser humano
rebela-se contra o Criador, ignorando a sua existência. Pior, quer ser como
Ele, coloca-se no seu lugar, rompe a comunhão. E, no abuso desta liberdade, já
não consegue se indignar diante do desamor.
Durante a nossa existência
armazenamos coisas boas em nosso interior, que contribuem para uma vida
equilibrada, sadia e santa, mas também trazemos experiências traumáticas e
negativas que provocam feridas, envenenando nossas emoções e determinando o
nosso comportamento, impedindo a prática do amor.
Uma realidade econômica e social
injusta e desordenada é um inimigo para o amor.
Mas o inimigo maior e primeiro
defeito nosso que mais se opõe ao amor, é o orgulho. Mais orgulhosos somos,
menos somos capazes de amar.
Como superar esses entraves?
Acolhendo a grandeza de nossa vida, com intensidade, discernimento, sabedoria e
responsabilidade. Buscando os meios possíveis que contribuem para esse caminho.
Buscando uma sociedade justa e
fraterna.
Conhecendo e acolhendo a nossa
história e curando suas feridas com o perdão.
Sobretudo, para nós, cristãos,
acreditando que Deus nos ama, e é este amor que nos salva e que nos faz ser
gente, que dá sentido à nossa história e a nossa missão. O amor é ação de Deus
e esforço humano. Contando com sua a graça, não desistindo da verdade, sendo
humilde, a pessoa pode orientar a sua vida segundo o Espírito, para o amor e a
prática do bem.
O alimento para a prática do
mandamento do amor deve ser buscado na oração, na escuta da Palavra de Deus, na
Eucaristia e na Confissão.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.