2º Domingo do Advento
Reflexão da Liturgia Dominical
O Tempo do Advento nos apresenta
figuras tementes a Deus, que acolheram a sua graça com solicitude e nos ajudam
na preparação ao Natal. João Batista é uma dessas figuras.
Aprendemos com ele desde a sua origem
e nascimento. Era filho de Zacarias, sacerdote do grupo de Abias e de Isabel,
descendente de Aarão, casal que não tinha filhos, pois ambos eram idosos e
Isabel estéril (Lc 1,5-7.18). A concepção e o nascimento de João são frutos da
graça, da bondade, generosidade e da misericórdia de Deus, ocasiões de alegria
e contentamento (Lc 1,13.14.58).
Aprendemos também com o seu estilo de
vida: usava roupas feitas de pelos de camelo e cinto de couro na cintura, comia
gafanhotos e mel silvestre (Mt 3,4; Mc 1,6). Foi citado por Jesus sobre a sua
austeridade de vida (Mt 11,18; Lc 7,33). Cheio do Espírito Santo, assumiu a
missão de reconduzir o povo a Deus, de caminhar na sua frente e de converter os
corações (Lc 1,15-16). Pregava no deserto da Judéia a conversão, indicando um
comportamento moral. É apresentado como a voz que grita no deserto; o seu apelo
é a preparação do caminho do Senhor (Mt 3,1-2; Mc 1,2-4; Lc 3,1-14; Jo 1,19-23;
At 13,24;19,4). Realizava um batismo de conversão no rio Jordão (Mt 3,6-10; At
1,5; 10,37; 11,16; 18,25; 19,3). Anunciava a vinda do Messias que iria batizar
com o Espírito Santo e com fogo (Mt 3,11; Mc 1,7-8; Lc 3,16; Jo 1,26).
João sempre colocou Deus acima de
tudo, quem deveria aparecer era o Messias, e não ele próprio. Sua missão era
apenas servir. Testemunha da verdade, foi preso por Herodes Antipas, que ele
havia censurado por seu matrimônio adúltero e incestuoso com Herodíades (Mt
4,12. 11,2; Mc 1,14). Testemunhou a verdade que era Jesus, e foi elogiado pelo
Mestre como grande profeta (Jo 10,41; Mt 11,7-19; Lc 7,24-35).
No 2º Domingo do Advento a figura de
João Batista e apresentada como aquele que veio pregar “um batismo de conversão
para o perdão dos pecados”. Sua missão foi preparar o caminho do Senhor,
anunciando que o mundo novo, salvo por Deus, estava chegando, através de Jesus
e é aberto a todos: “todas as pessoas verão a salvação de Deus” (Lc 3,1-6).
O Advento é tempo de espera e de
preparação. Aguardamos ansiosos o nascimento do Salvador. Mas também damos a
nossa resposta a esta novidade que é Jesus. A palavra-chave é conversão. No
Antigo Testamento converter-se é “voltar para trás”, voltar à Aliança que foi
violada pelo pecado. João Batista segue esta tradição utilizando como sinal de
marca da conversão o batismo. Esta posição do profeta já é um grande passo na nossa
comunhão com Deus e fraternidade humana. Mas Jesus vai além: Deus toma a
iniciativa, com o seu amor e salvação. A conversão é fruto da graça do
Espírito, da nossa parte, respondemos com a fé.
Converter-se é crer na Boa Nova e dar
uma resposta de adesão ao Reino, é acolher na fé a oferta divina de salvação e
viver o seu amor. É uma abertura do coração contrito à misericórdia, mudança do
coração que nos leva a uma nova mentalidade, novos pensamentos e atitudes. Deus
é o centro de tudo e para Ele deve se voltar a nossa vida. Servimos ao Senhor
no amor e na justiça, nos diz são Paulo (Fl 1,9.10). O amor a Deus se completa
no amor aos irmãos, prática que gera vida nova e santidade. Ele nos guiará “com
alegria, à luz de sua glória, manifestando a misericórdia e a justiça que dele
procedem” (Br 5,9).
Advento é tempo de cultivar o amor, a
justiça, a vigilância e a conversão. É tempo de perdoar mais, de generosidade,
caridade fraterna e alegria no Senhor.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.