4º Domingo do Advento
Reflexão da Liturgia Dominical
Encerrando o tempo do Advento,
recordamos os apelos que a Palavra de Deus nos fez durante essas semanas:
a vigilância, a conversão e a alegria.
No 4º Domingo se destaca a figura de
Maria. A palavra-chave é a obediência, virtude que aprendemos com a nossa Mãe,
com o justo José e com os tementes a Deus.
Mas a obediência é vivida de modo
pleno por Jesus. Toda a sua vida foi um ato de obediência, que consistia em
fazer a vontade do Pai (Jo 4,34; 5,30; 6,38; 7,16-17; 8,29; Fl 2,8; Hb 5,8;
10,7). Deus não quer e nem se agrada com vítimas, oferendas, holocaustos e
sacrifícios pelo pecado, mas com o cumprimento de sua vontade (Hb 10,5-10), que
é a realização do Reino, a salvação dos seus filhos (Jo 6,39). A obediência de
Jesus, verdadeiro sacerdote, é entendida dentro do plano da salvação, por ela
somos santificados pela oferenda do seu corpo (Hb 10,10).
A liberdade de Jesus é inseparável da
sua obediência, que consiste em corresponder ao amor do Pai. Ele é livre por
cumprir inteiramente à sua vontade. A obediência está no próprio coração do
sacerdócio de Cristo.
Jesus fez-se servo e obediente até à
paixão e morte de cruz (Mc 14,36; Fl 2,8; Hb 5,8). Ele deu-nos exemplo de
entrega total. A sua obediência é contar só com o Pai, é confiar plenamente
nele e entregar-se serenamente em suas mãos. Foi atendido pelo Pai por causa de
sua entrega (Hb 5,7). A ressurreição é o coroamento de sua obediência e entrega
total.
Paulo diz que por Jesus Cristo
“recebemos a graça da vocação para o apostolado, a fim de podermos trazer à
obediência da fé todos os povos pagãos, para a glória de seu nome” (Rm 1,5). Da
contemplação do seu mistério, o Filho obediente em tudo, nasce a obediência dos
discípulos, que consiste em fazer a vontade de Deus, isto é, fazer o que lhe
agrada.
Lucas 1,39-45 narra o encontro de
duas mães bem-aventuradas, que se alegram e bendizem ao Senhor ao realizar
maravilhas em suas vidas, e o encontro de dois meninos, o precursor e o próprio
Deus. Cheia do Espírito Santo, Isabel proclama a grandeza de Maria e do fruto
do seu ventre: são benditos.
Depois de Jesus, a realização das
promessas de salvação, olhamos para Maria, para José, Isabel, Zacarias e outros
tementes a Deus, que foram fiéis e obedientes aos seus desígnios. Acreditaram
na sua promessa e na sua palavra, dizendo sim, sendo disponíveis, colaborando
com a sua vontade e com o seu amor.
A obediência cristã é um ato de fé em
Deus e na sua vontade. Que vontade é esta? Discernir este desejo, eis a nossa
vocação. Discernir é distinguir a voz da verdade, é buscar, entre tantos
apelos, quais os que provêm do Espírito e quais são os que a ele se opõem. A
vontade de Deus é o que melhor pode acontecer nas nossas vidas. Ela coincide
com a nossa vontade mais profunda e autêntica, está em harmonia com os nossos
dons e talentos. Para captarmos essa grandeza, precisamos cultivar uma atitude
de obediência, de oração e de escuta.
A vontade de Deus manifesta-se na sua
Palavra e nos seus mandamentos. Ela é a nossa salvação, a nossa vida, a prática
do amor e da justiça, a nossa reconciliação em Cristo, a nossa santificação. É
o caminho da vida e da alegria do Reino. Viver essa obediência é acolher a
graça de levar adiante o seu plano de salvação.
Unidos a Jesus, com a força do seu
Espírito, com a intercessão de Maria e José e dos santos, podemos realizar a
vontade de Deus, assim na terra como no céu.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.