4º Domingo do Tempo Comum - Ano C

Reflexão da Liturgia Dominical

Lucas 4,21-30 continua a narração do episódio de Jesus na sinagoga de Nazaré. Depois da surpresa e elogios a sua explicação da passagem do livro do profeta Isaías (Is 61,1-2), agora vem uma rejeição a sua pessoa e missão.

O Evangelho é Boa Nova, é uma força que liberta, integra e gera a salvação. É graça que Deus nos oferece. Há forças contrárias que querem alienar, desintegrar, criar obstáculos e tentar abafar esta novidade.

A primeira oposição que Jesus enfrentou aconteceu entre os seus, em sua própria terra. Na cena, essas forças aparecem na compreensão errada e limitada da encarnação. Como aceitar que Deus possa agir em Jesus, um simples carpinteiro de Nazaré? Também no decorrer da sua missão, como aceitar um Messias que escolheu um processo de libertação que passa pela cruz?

Os judeus esperavam um Messias com outro tipo de poder. Por isso, desprezaram o messianismo de Jesus. O povo queria ver sinais para acreditar. Mas não é essa fé que Ele quer despertar. Ele não veio para dar show e assim provar a sua autoridade.

Jesus é rejeitado como os profetas. Os “seus” não aceitaram a sua proposta de libertação, não se abriram à novidade. Por isso, o Evangelho é anunciado aos de fora. O Messias não é só para Israel, mas para todos.

“Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho” (Lc 4,30).  Ele é fiel a Deus e ao seu projeto de vida e liberdade. A novidade que Ele veio trazer é mais forte, pois contém todo o amor do Pai.

O caminho de salvação revelado por Jesus é da humildade, da misericórdia e da cruz. Por ele devemos seguir. Às vezes ficamos encantados com a sua pessoa e com a sua mensagem. Mas quando vêm as experiências de crises e durezas no seu seguimento, corremos o risco do abandono e da infidelidade.

O compromisso com Jesus implica doação e amor. Exige sacrifício e confiança. Confiar em Deus apesar de tudo, também no tempo das provas. Quem tem fé sabe que Deus é Deus e que devemos confiar nele sempre. A nossa missão também é permanecer firmes no caminho, sem vacilo, suportando as adversidades.

Jeremias é escolhido, consagrado e nomeado por Deus para assumir a vocação de profeta (Jr 1,4-5;17-19). Fez a experiência do poder e da proteção do Senhor. Confiou, mesmo vivendo uma missão cheia de conflitos. Foi iluminado por Deus, por isso foi fiel à justiça e à liberdade.

Em 1 Cor 12,31-13,13 Paulo apresenta a razão de ser dos carismas. A Trindade é o centro da espiritualidade cristã. Deus Pai é o amor que gera a vida. Jesus Filho é a encarnação desse amor e o caminho para a sua realização. O Espírito Santo é a força que nos leva a amar.

O amor é a base de tudo. É a fonte do verdadeiro comportamento humano. É o discernimento para a prática e o exercício dos carismas. Carisma, sem amor e solidariedade, não tem sentido.

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.