5º Domingo do Tempo Comum - Ano C

Reflexão da Liturgia Dominical

Lucas 5,1-11 narra um fato que aconteceu junto ao lago de Genesaré. É uma passagem carregada de simbolismos, com a intenção de revelar a força do Evangelho em reunir e congregar.

A multidão apertava-se ao redor de Jesus para ouvir a sua palavra de poder, capaz de atrair e fazer acontecer maravilhas. Ele subiu à barca de Simão e de dentro dela ensinava o povo. Após os ensinamentos, pediu para o mesmo lançar as redes. Este se queixa de que eles haviam trabalhado a noite inteira em vão, mas é obediente, e fez o que o Mestre pediu. A pesca teve êxito e precisou da colaboração de todos.

Simão Pedro reconheceu a sua pequenez e teve a reação daqueles que se sentem humanos e pecadores. Jesus o animou: “Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens”. Os pescadores deixaram tudo e seguiram a Jesus. A confiança fez deles discípulos.

Quando Lucas inseriu no seu Evangelho a cena da pesca milagrosa, tinha a intenção de revelar que a Palavra de Jesus é uma força de amor capaz de congregar. Esta força é confiada à Igreja. A vocação nasce do desejo e da sede da Palavra de Deus, que gera a vida. Jesus é o Mestre que ensina e comunica uma mensagem que liberta.

A vocação é fruto da obediência à Palavra, é um ato de fé e confiança. Em atenção aos apelos de Jesus, lançamos as redes. O resultado dessa confiança é maravilhoso.

A experiência do poder e da presença do Senhor nos leva a tomar consciência das limitações, mas sua misericórdia é maior, e ele nos quer em missão, apesar dos nossos pecados.

Temos muitas resistências interiores que nos privam da liberdade e nos impedem de dar uma resposta livre, corajosa e consciente. O medo tem sentido, faz parte da experiência humana, tem várias causas. Pode atrapalhar a resposta.

Como tirar lições do medo? Aprendendo a me reconciliar com ele e reconhecendo que por minhas forças não poderei dar nenhuma resposta ao Senhor. É a sua graça que me conduz. Ele nos diz: “Não tenhas medo” (Lc 5,10). Ao ouvir estas palavras, tomamos consciência que o nosso destino está em suas mãos. A resposta é exigente, implica dificuldades, renúncias e desafios, mas o que Jesus exige não supera as possibilidades do ser humano. A fé e a confiança na graça sustentam o seguimento de Jesus Cristo. Com Ele, o jugo é suave e o peso é leve (Mt 11,30). Com Ele, é possível avançar para águas mais profundas. Não ter medo significa acreditar plenamente no amor de Cristo, não se deixar vencer pelos próprios limites e fraquezas e prosseguir com firmeza na missão, pois contamos com uma força maior.

Isaías 6,1-2ª.3-8 narra a vocação deste profeta, numa celebração litúrgica. Diante da realeza, da plenitude, da glória e da santidade de Deus, sentiu-se pecador. Mas o Senhor purificou os seus lábios, perdoou os seus pecados e o enviou em missão.

Em 1 Cor 15,1-11, Paulo exorta os irmãos da comunidade a tomarem consciência do conteúdo da fé cristã que ele recebeu e transmitiu: Cristo morreu por nossos pecados, foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, apareceu a Cefas, aos Doze e a muitos outros, inclusive a ele. Este mistério pascal é pura graça de Deus, é nossa força e nossa vocação.

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.