6º Domingo do Tempo Comum – Ano C
Reflexão da Liturgia Dominical
Lucas 6,17.20-26 narra o início do
Sermão da Planície. O texto diz que “Jesus desceu da montanha com os discípulos
e parou num lugar plano”. Muita gente estava presente. Levantando os olhos para
os seus discípulos, ele proclamou quatro “bem-aventuranças e quatro ais”.
Os destinatários das bem-aventuranças
são os pobres, os que têm fome, os que choram e os que são perseguidos. É uma
síntese do programa de Jesus, anunciado na sinagoga de Nazaré (Lc 4,14-21). Ele
é o Messias que veio libertar os pobres e restaurar o ano da graça do Senhor, o
perdão das dívidas e redistribuição das terras e propriedades. A eles pertence
o Reino, serão saciados e cumulados de alegria. São os primeiros destinatários
da salvação de Deus, porque o Senhor derrama sobre eles a sua misericórdia.
Os quatro “ais” são dirigidos aos
ricos, aos que têm fartura, que agora riem e são elogiados. Deus tem para eles
a mesma proposta de salvação, mas se persistirem na lógica da ganância, do
egoísmo, da injustiça e autossuficiência, não entrarão no Reino.
A Palavra de Deus apresenta dois
caminhos:
1 – Podemos orientar a vida
prescindindo de Deus, vivendo à margem do seu plano e de sua vontade, confiando
em nós mesmos, no acúmulo das coisas, no poder, na fama, no bem-estar
desenfreado.
Segundo o profeta Jeremias e o autor
do Salmo 1, quem vive assim percorre o caminho da morte, renuncia a felicidade
e a vida plena. Tem uma existência limitada, frágil e sem consistência, é como
um arbusto plantado no deserto ou a palha seca, condenados à morte e a dispersão
pelo vento, pois não recebem o alimento e a força para a vida e a segurança.
2 – Podemos colocar nossa força,
confiança e esperança em Deus, na sua Lei e na sua vontade, nas
bem-aventuranças, como centro da existência. Agindo assim, somos como a “árvore
plantada junto às aguas”, produzindo frutos no tempo certo, pois encontramos o
alimento necessário. Deus é a nossa segurança, a nossa solidez, a paz, a
fecundidade. Só nele encontramos o rochedo seguro.
A Palavra é um convite constante à
conversão. É uma proposta que passa pelo coração, pelas atitudes e pela
abertura e confiança na misericórdia de Deus.
Tudo o que pertence à materialidade,
ao progresso, à tecnologia, à ciência, à eficiência e à inteligência humana tem
o seu valor e sua importância. Mas não é a nossa salvação. Tudo passa e sem
Deus nada tem consistência. Na sua vontade e nos seus desígnios estão a
nossa realização e felicidade.
A vontade de Deus é a nossa
santificação (1 Ts 4,3). É “recapitular tudo em Cristo” (Ef 1,10), é viver o amor
como pleno cumprimento da Lei, centro de tudo, vínculo da perfeição e nossa
vocação fundamental (Rm 13,8.10; 1 Cor 13,1-13; Col 3,14). Jesus Cristo é o
sentido da existência humana na medida em que veio para salvar e redimir. Nele
o ser humano encontra descanso (Mt 11, 28). “Viver é Cristo” (Fl 1,21).
“Se é para esta vida que pusemos a
nossa esperança em Cristo, nós somos – de todos os homens – os mais dignos de
compaixão (1 Cor 15,19). Paulo apresenta a ressurreição de Cristo como o
fundamento da fé e da vida
cristã.
Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.